sábado, 15 de dezembro de 2012

Dos textos que escrevi por aí...





A menina com seu vestido púrpura olhava para o céu, com os cabelos tremulando com o vento fresco da tarde. Ela, no alto dos seus seis anos, encarava aquela imensidão estupidamente azul e sem nenhuma nuvem, como quem duvida de uma paisagem impossível demais para ser real. Então começa a sentir o coração se apertar no estômago. Aperta os olhos e desce o rosto para o chão. Ela está em um campo de girassóis. As flores se estendiam por toda a superfície que sua visão conseguia enxergar, até se misturarem ao borrão do horizonte que cortava tudo aquilo em duas partes: a incrível e a inacreditável. Os girassóis não eram comuns, ela nunca tinha visto na vida algum de outra cor além do amarelo, mas aquele campo mais parecia uma paleta de pintura daquelas que sua professora da escolinha usava. Havia girassóis ali de cores que ela nem sabia que existia. Sentindo que aquilo era fantástico demais para aceitar de bom grado, ao invés de simplesmente correr e perseguir alguma borboleta, Beatriz preferiu duvidar. Ela questionou bravamente da cor dos girassóis à intensidade do céu. Mas como sua descrença não afetou em nada aquele lugar, ela começou a chorar. No início eram lágrimas esparsas e suaves, que docemente cumprimentavam a terra onde estavam seus pés descalços. Mas logo depois elas tomaram corpo, ritmo e intensidade, dando vida a um rio calmo que – por mais revoltante que fosse, completou aquela paisagem perfeita.

Aldrêycka Albuquerque

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