A menina com seu vestido púrpura olhava para o
céu, com os cabelos tremulando com o vento fresco da tarde. Ela, no alto dos
seus seis anos, encarava aquela imensidão estupidamente azul e sem nenhuma
nuvem, como quem duvida de uma paisagem impossível demais para ser real. Então
começa a sentir o coração se apertar no estômago. Aperta os olhos e desce o
rosto para o chão. Ela está em um campo de girassóis. As flores se estendiam
por toda a superfície que sua visão conseguia enxergar, até se misturarem ao
borrão do horizonte que cortava tudo aquilo em duas partes: a incrível e a
inacreditável. Os girassóis não eram comuns, ela nunca tinha visto na vida algum
de outra cor além do amarelo, mas aquele campo mais parecia uma paleta de pintura
daquelas que sua professora da escolinha usava. Havia girassóis ali de cores
que ela nem sabia que existia. Sentindo que aquilo era fantástico demais para
aceitar de bom grado, ao invés de simplesmente correr e perseguir alguma
borboleta, Beatriz preferiu duvidar. Ela questionou bravamente da cor dos
girassóis à intensidade do céu. Mas como sua descrença não afetou em nada
aquele lugar, ela começou a chorar. No início eram lágrimas esparsas e suaves,
que docemente cumprimentavam a terra onde estavam seus pés descalços. Mas logo
depois elas tomaram corpo, ritmo e intensidade, dando vida a um rio calmo que –
por mais revoltante que fosse, completou aquela paisagem perfeita.
Aldrêycka Albuquerque
Aldrêycka Albuquerque
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