sábado, 7 de junho de 2008

Phármakon




Você, ele ao seu lado.
Cabelos ao vento.

A paisagem começa a ficar cinza.

Tudo ao seu lado passa rápido, menos vocês.
Conversas desconexas tentam encobrir o óbvio.

Nada de olhar nos olhos, ninguém quer se ver de verdade.

Pensamentos a mil, mas palavras tolas.

A paisagem de sempre parece se tornar cenário de um filme.
Tudo começa a parecer mais dourado, mais colorido.
Tudo passa muito rápido.
Você se sente muito bem.
Talvez a velocidade, talvez a adrenalina.
Mas você tem certeza que não é nada disso.

Você tem certeza que não vai esquecer aquela tarde nunca mais.

E pra isso não precisa muita coisa.

Nada de elogios, declarações.

Sem beijos de despedidas.

Por mais simples e inacabada que tenha sido aquela tarde,

Você simplesmente não vai esquecer.

Talvez tenha sido a posição do sol sobre vocês dois.

Talvez a chuva que deu trégua para vocês passarem.
Talvez o ar achou de ficar mais doce por isso.
Quem sabe tudo conspirou para te proporcionar, sei lá, dez minutos de prazer.

Sem estrelinhas, sem borboletas no estômago.

Só o "estar junto".

Parece que aos poucos o encanto vai se desfazendo.

Tudo parece mais racional, mais humano.
Quem sabe a paixão está dando trégua.

Mas o curioso é que você continua a amar tudo isso.

Parece que esperar realmente está sendo um remédio.

Remédio para a alma, veneno para o coração.
Do outro lado está a outra você.
Coração nas mãos.

A todo minuto você pensa que o espetáculo vai acabar.

Você começa a sentir que uma hora as máscaras vão cair.
Você sente medo.
O tempo está passando.
Talvez o tempo não seja tão amigo assim.
Você não sabe quem é ele, nem quem é você.

Mas isso realmente importa?

Por que negar a química?

Por que negar a ligação que vocês tem?

É tão óbvio que vocês precisam estar juntos...

"Ai, essa vontade de querer te tomar num gole só!

Você é para mim Phármakon:
remédio e veneno.
Os dois extremos ao mesmo tempo.

Depende da quantidade de você que eu queira beber.

Fica tão óbvio que eu quero me embebedar?"

Você então se despede com um sorriso amarelo, bate a porta.
Se vira e suspira.

Se pergunta até quando irão fingir.

Continua a esperar por ele.



Phármakon: termo em grego que significa remédio e veneno ao mesmo tempo.

Colbie Caillat - Oxygen




"And so I found a state of mind
Where I could be speechless
I had to try for a while
To figure out this feeling
This felt so right
Pull me upside
Down to a place where you've been waiting
and How am I supposed to tell you how I feel?
I need oxygen"

5 comentários:

Anônimo disse...

De fato o amor é um sentimento que desfila entre esses dois pólos opostos... felicidade e dor, vida e morte, mas o pior de tudo é negá-lo, fugir dele e esconder o óbvio! Isso faz definhar cada rédea de esperança de uma pessoa, e pode torná-la triste e sem vida! Amor foi feito para ser vivido, seja ele remédio ou veneno!

Anônimo disse...

haushdauhsua.. uau uau uau dreycka.. mais outro post de dar a sensação mais gostosa ao ler. Parabens! me senti tocado desta vez! Até um frio na espinha me deu. Arrepiei com as pelavras!

.. mas vem cá, ele ainda não se tocou? ahh faça-me o favor!!! ¬¬.

alohaa... bjs

Mafê Probst disse...

tão lindo.
tão triste.
tão, tão.

Srta Diazepan disse...

menina ... passei por isso nessa minha viagem a São Paulo. Tenho q começar a repensar a minha timidez... de charme tá virando entrave.

beijos, boa semana

Mafê Probst disse...

Claro que pode, menina!