sexta-feira, 13 de setembro de 2013

[NÃO] "Ame Qualquer Coisa" [NÃO]

Adaptação. Texto de CS Lewis. Tirinha completa em: Play the Game and Win a Tear Stain



Encontrei essa tirinha aí de cima essa semana no Facebook. Bem, não essa aí exatamente, esta é apenas a "parte que importa" da tirinha original que vocês encontrarão nesse link. A questão é que, o que eu vim falar aqui hoje tem muito a ver com exatamente essas três partes da tirinha. O desenrolar da história do CS Lewis é linda, mas na miha vida ainda estou parada nessa terceira parte. De volta a terceira parte. De novo.

Quando nos desiludimos demais, justamente por "amar qualquer coisa", nós entramos numa cápsula protetora. Como a garotinha da história, trancamos os restos do nosso coração num baú e o protegemos a sete chaves. É natural! Porém muitas vezes toda a frieza, todo o descaso o qual nos vestimos, geralmente não é apenas luto pelo que perdemos, mas sim reflexos de uma fragilidade adquirida pelos traumas vividos.

De uns anos pra cá tentei trocar a regra do jogo. Se eu não der início ao ciclo vicioso, ou seja, se eu não começar o jogo com o "amar qualquer coisa", talvez não resulte na mesma sina de sempre. Talvez não amar, ou se assegurar de tudo antes de se entregar a qualquer coisa, a qualquer um, seja a melhor abordagem. Então planos são feitos, sentimentos reprimidos, vontades caladas, possibilidades simplesmente abandonadas. Agora só o que importa é o objetivo. Não amar qualquer um, qualquer coisa. Então o alvo desse objetivo, antes tão racional e promissor, começa a mudar de forma. Essa tal pessoa a ser encontrada passa a se tornar uma projeção meio difusa, muito longe na linha do horizonte. Como uma miragem no deserto, passamos a duvidar do que vemos [ou projetamos?]. Não sei bem que alvo é esse que eu procuro. Seria um oásis mesmo, ou apenas um alvo sempre distante e fictício, que quanto mais andamos em direção a ele, mais ele se afasta?

Então passei a me questionar se a pessoa que eu criei como alvo, aquela que não iria me fazer entrar no ciclo vicioso do "amar qualquer coisa", seria factível ou até um ser vivente. Irreal, talvez? Estaria eu julgando demais e deixando passar quem estivesse bem aqui do meu lado? Aí entra o moço do coração quebrado, pra confundir a cabeça da garota da tirinha.

Adaptação. Texto de CS Lewis. Tirinha completa em: Play the Game and Win a Tear Stain


E quantos moços não apareceram? Esse só foi mais um. Só que antes mesmo da garota pensar uma segunda vez em jogar pra ele a chave de onde trancafiou seu coração, ele mesmo desiste. Ele vai embora procurar outro coração para incomodar. CS Lewis mais uma vez errou ao falar da minha vida, e das outras tantas como eu. Não é só a questão de querer entregar novamente o coração para alguém. Falta coragem também para o moço querer abrir meu baú e contar os cacos que sobraram do meu coração. Falta a cumplicidade, o aceitar que o outro ainda está na fase de lamber as feridas e ser gratuitamente hostil. Falta disposição para ajudar o outro a se reerguer também. 

Então dá-se início a outro ciclo maldito: Homens frouxos, mulheres fragilizadas, relacionamentos prematuramente abortados. Dois bicudos, um para cada lado. Cada um carregando sua própria parcela de culpa, dores remanescentes do passado, bem como cheios de orgulho nos bolsos. Para onde vamos assim?

Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim
- Ana Carolina -

 Entrei na estação errada de novo.



Aldrêycka Albuquerque