terça-feira, 28 de dezembro de 2010

k@94u$Ky


Último conjunto de palavras aleatórias de 2010. Só mesmo a falta de energia pra me fazer escrever em meio a tempos tão insossos. A bateria do notebook segura alguns minutos, mas sem internet... E computador sem internet é um completo caos. Daí resolvi vir aqui escrever [pra só depois postar]. Nem sei onde foram parar as páginas que escrevia no meu outro computador quando momentos de inspiração apareciam. Devem ter desaparecido no cyber espaço junto com meus HDs e Placas Mãe que se derreteram por falta do “fio terra” aqui na instalação elétrica. Deve ter sido por isso que criei um blog. Pura segurança, backup para meus textos enfadonhos, dúbios, infantis e extremamente pessoais.

Ao pensar em vir aqui escrever, imaginei logo sobre que aspecto dele eu iria dissertar. Daí eu lembrei que nenhum, não tenho razão para falar dele, já que eu estou começando [de novo] a me desapegar desse carma. Se bem que analisando friamente o caso, ele é apenas uma criação da minha memória. Na verdade ele não existe. Lembram daquele filme “Uma Mente Brilhante”? Quando já no finalzinho temos o maior susto ao descobrir que o tal colega de quarto do John Nash nunca existiu? Era apenas criação da mente brilhante e esquizofrênica dele? Pois é. Não que eu seja esquizofrênica [Deus me livre] acredito que já passei da idade desse “verme” se alojar na minha mente [ok, verme foi uma forma de falar] – a maior parte das pessoas que sofre desta doença apenas apresenta sintomas após a puberdade. Pois é, acredito que estou inclusa na parcela de pessoas que não nasceram com esse problema [amém]. Mas o fato é que eu acho que eu criei ele na minha cabeça. Não o verme da esquizofrenia, mas o verme do meu carma.

Só um verme, um parasita, se alimenta de você. Vive em você, mas não para te ajudar a crescer, a ser forte; mas para parasitar, sugar o sangue que é seu, se infiltrar nas fantasias que são suas, usurpar os sonhos que são seus... Pois é. O verme que se alimentou três anos da minha mente, da mesma forma simples que entrou, ele saiu. Talvez eu tenha o matado. Talvez ele tenha ido embora por não ter mais o que comer. Sabe? Acho que o fenomenal nisso tudo é você sair disso jogando o cabelo pra trás e falando “eu superei”. O fantástico é você lá no fundo saber que esse foi o curso natural dos fatos. Você insistiu até onde podia, você enlouqueceu até onde a loucura te permitiu, você errou em tudo que poderia ser errado, você foi reprovada em todos os testes nos quais fora submetida. Mas você sorri, mexe no cabelo e fala que superou, que hoje é nova pessoa, que agora é mais esperta. Que nada!

Não tarda a Terra virar e você estar lá cometendo os mesmos erros. Com outros rostos, outros corpos e bocas, mas exatamente os mesmos erros. Sempre o excesso, seguido da inconseqüência, da eterna insistência e por último o fundo do poço. O mesmo percurso que você percorreu todas essas vezes, bateu lá no fundo do poço e machucou a testa; você vai lá e faz tudo errado de novo. É impressionante! Se bem que ninguém admite. Ninguém admite que ficou com B com saudade de A. Que se envolveu com C pra esquecer de B. Que deu pra D pra ver se libertava [enfim] de A. E se casou com B porque A não te quis, C desapareceu e D não te quer ver nem pintada de ouro. Pois é. Mas você tá lá no altar, “linda e loira” jogando o cabelo e dizendo EU VENCI. É, e tem gente que acredita. O pior é que tem gente que acredita que todo aquele glacê no bolo, todos aqueles bem-casados embrulhados e toda essa brancura do seu vestido é amor. Não é desespero, não é decisão errada, não é precipitação, não é reação a uma sociedade [machista] opressora. Não, “é amor”.

Daí o cara vai lá e mata a noiva, o amigo e se mata no meio de seu próprio casamento. E meio mundo de gente fica chocada, traumatizada. Pelo amor de Deus, desde quando casamento foi [ou é] garantia de felicidade? Nem felicidade atual, nem futura. O que traumatizou essas pessoas não foram três pessoas mortas. Foi uma cena dessas ter acontecido num casamento, onde todos deveriam [por lei] estarem felizes e apaixonados. Desculpem acabar com o sonho cor de rosa de vocês, mas assim como há sexo sem amor, há casamento sem felicidade, beijo sem vontade... O mundo é mais podre e mais oco se você analisar tudo de uma ótica mais perversa.

Mas como eu dizia, eu não superei foi nada. A verdade é que ele sumiu da minha vida, e me deu a grande satisfação de perceber o óbvio: eu sei viver sem ele. É furada essa de você dizer que não vive sem o outro. Nem se você tivesse nascido gêmeo, ia significar que você não vai viver sem seu irmão. Quanto mais um cara que não nasceu junto com você, não cresceu com você, que você conheceu um dia desses, mas que agora você diz que é “a sua vida”. Nunca. Você vive sem ele sim. Viveu bem até conhecer ele, como que agora não consegue mais? Consegue sim.

Também percebi que eu estava superestimando o que eu sentia. E eu acho que é isso aí. Aqueles amores de novela, arrebatadores, aquelas mocinhas virgens chorando e se descabelando por um amor que ela acha que é sua vida, isso tudo, é um pseudo-sentimento. É tudo abobrinha, nós criamos, foi fruto da nossa criatividade. O amor é o que a gente pinta. O que a gente cria. Super-estima ou sub-estima. Ele é o que a gente quiser que ele seja. Então se você fizer os cálculos ele só existe pra quem quer. Ou seja, ele é o nada absoluto. Até que alguém vai e soma frio na barriga, com precipitação, com exagero, com hormônios [muitos hormônios] e pronto. Do zero absoluto foi feito o amor. Ou o pseudo-amor. O resto é a realidade. Tudo por baixo desta casca que a gente pinta e dimensiona, é a realidade. O resto é pura ficção. Daí eu respondo: é a arte que imita a vida, não o inverso.

Esses clichês, essas modinhas, esses amores impossíveis, arrebatadores, sempre existiram. E foi a arte que os imitou (talvez mais ou menos açucarado dependendo do autor). Mas a verdade é que isso tudo é criação humana. Pura utopia para não se digerir a existência do zero absoluto. Tudo é artifício para mascarar a necessidade humana de reprodução. Com a evolução da espécie, nós humanos precisamos nos tornar mais seletivos e assim nos tornar uma raça mais forte. Daí essa “melhor seleção” foi trocada por casamento, amor, paixão, o que for. Na verdade, querida, são só seus hormônios dizendo que para ter uma cria mais forte você deve copular com B e não com C. Se você vai querer colocar uma grinalda e chamar um padre para atestar uma decisão que as células do seu corpo tomaram, você tem todo o direito. Só depois não vai querer jogar o cabelo pra trás e dizer que o amor acabou e que você seguiu em frente. Na verdade, ele só deixou de ser seu parceiro ideal, uma vez que seus hormônios estão querendo “carne nova” no pedaço. É tudo questão de química, arte e um pouco de sarcasmo.



 Aldrêycka Albuquerque

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sobre a lembrança dele


Com o passar do tempo, foi aos poucos se cansando desse exercício. Começou a achar cada vez mais exaustivas essas tentativas de evocar, de desenterrar, de ressuscitar mais uma vez o que há muito tinha morrido. Na verdade, anos mais tarde, chegaria o dia em que Laila não choraria mais por essa perda. Ao menos, não tanto; não tão constantemente. Chegaria o dia em que os detalhes daquele rosto começariam a escapar às garras da memória, em que o simples fato de ouvir uma mãe chamando o filho de Tariq pela rua não a deixaria inteiramente desnorteada. Não sentiria tanta falta dele como agora, quando a dor de sua ausência não a deixava em paz por um momento sequer - como a dor fantasma de um membro amputado.

Depois de adulta, só muito raramente, quando estava passando um a camisa ou empurrando os filhos no balanço, alguma coisa bem banal, talvez o contato quente do tapete sob os pés num dia de calor, ou o contorno da testa de um estranho, trazia à tona a lembrança daquela tarde. E, de repente, tudo voltava à sua mente.

Trecho do livro:
CIDADE DO SOL (Ten Thousands Splendid Suns)
Khaled Hosseini 
(mesmo autor de O Caçador de Pipas)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Me afogar em você


É inacreditável a necessidade que eu tenho de te guardar intacto em minhas lembranças. Cada olhar, cada sorriso, cada gargalhada, tua voz... Tudo precisa estar empacotado à vacuo e muito bem guardado em minha memória.

Eu agora sei que te perdi. Perdi de vez e nunca mais vou poder ter tuas caras e bocas ou tua gargalhada desconsertada. Deve ser por esse motivo que eu alimento essa obsessão em te guardar intacto em mim. Tudo seu que eu tiver, guardo como puder. Momentos são escritos e gravados. Fotos, armazenadas. Sorrisos, memorizados. Momentos, congelados. Fatos, imortalizados. Seria até romântico se não soasse doentio.

A cada momento como esse, quando eu me afogo em você, percebo o quanto vai ser difícil seguir em frente e te deixar pra trás. Sinceramente, acho que isso nunca vai acontecer. Provavelmente por nunca termos o controle emocional de colocarmos um ponto final nisto tudo. Ou por nunca termos sido maduros o suficiente para enfim decidir alguma coisa. O que eu vejo são duas pessoas fugindo da forma que podem.

Sinceramente a realidade de nunca mais ter você, mais parece uma bolha de sabão enorme, prestes a estourar bem no meu rosto. E eu postergo isso ao máximo. Mas eu sei que uma hora ela vai estourar, e eu preciso estar preparada para isso.

Preciso parar de superestimar tudo isso. Preciso amadurecer. Mas eu trocaria tudo isso por 15min com você. Só mais uma vez te escutar, só mais uma vez rir com você e me aborrecer com seus momentos "desligado do mundo". Eu queria só mais uma vez tentar, e implorar para você não ficar com esses olhos de quem quer, mas não pode. Por que, ora bolas, quem sabe poderíamos ser tudo isso que cada um de nós julga impossível ser.

É dolorido me afogar em você. Me sufocar com tua ausência e me entorpecer com teu perfume. Mas é a forma que eu encontro de te deixar sempre vivo e próximo a mim em minhas lembranças. E a memória é o lugar mais próximo que eu consigo chegar até você. E o único lugar onde ninguém vai poder tirar você de mim - NUNCA.


Aldrêycka Albuquerque




"And I'll always be waiting for you" Shiver - Cold Play



                            
                            

domingo, 12 de dezembro de 2010

Alguém inferior

"Eu já havia amado alguém e perdido esse amor antes. Quando se trata de assuntos do coração, confesso que tenho um modo de pensar meio antiquado. Acredito em almas gêmeas. Todos nós temos um primeiro amor. Quando o meu me abandonou, deixou um buraco bem no meio do meu coração. Por muito tempo pensei que jamais fosse conseguir me recuperar. Havia motivos para isso. Para começar, nosso rompimento parecia incompleto. Mas não importa. Depois que ela me abandonou - sim, porque foi exatamente isso que ela fez -, convenci a mim mesmo de que estava fadado a me conformar com alguém... inferior... ou ficar sozinho para sempre. Então encontrei Sheila."  
DESAPARECIDO PARA SEMPRE, Harlan Coben.



LETRA SEM MELODIA
Isabella Taviani

Eu ando enganando a solidão
Mantendo a casa cheia
Quase nem me reconheço aqui
Tentando sorrir

Brigo por qualquer razão qualquer senão
Eu rasgo o tempo à toa
Vagando nas esquinas da cidade
Que hoje me amaldiçoa

Eu só queria lavar os cabelos do meu amor
Bem que eu merecia repousar sob o cobertor
E como uma criança no seu colo
Dormir em paz em santo solo
Pra ver
Simplesmente o sol nascer

Eu ando remendando coração com paixões vazias
Bocas e mais bocas agonia
Letra sem melodia
Brinco que a felicidade pôs a mesa
Mas me sento só
No centro do meu corpo nu em pêlo
Nada pode ser pior

Eu só queria lavar os cabelos do meu amor
Bem que eu merecia repousar sob o cobertor
E como uma criança no seu colo
Dormir em paz em santo solo
Pra ver
Simplesmente o sol nascer

E no final fica tudo no mesmo
Porque afinal eu sou vazio e desejo
Se amor valeu
Viver valeu
Então sou eu
Valendo eu sem você