domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um novo olhar sob o Salmo 23



Salmo 23 - Bíblia Sagrada

O Senhor é o meu Pastor
(Isto é relacionamento!)

Nada me faltará
(Isto é suprimento!)

Caminhar me faz por verdes pastos
(Isto é descanso!)

Guia-me mansamente a àguas tranquilas
(Isto é refrigério!)

Refrigera minha alma
(Isto é cura!)

Guia-me pelas veredas da justiça
(Isto é direção!)

Por amor de seu nome
(Isto é propósito!)

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte
(Isto é provação!)

Eu não temeria mal algum
(Isto é proteção!)

Porque Tu estás comigo
(Isto é fidelidade!)

A tua vara e o teu cajado me consolam
(Isto é segurança!)

Unge a minha cabeça com óleo
(Isto é consagração!)

E o meu cálice transborda
(Isto é abundância!)

Certamente que a bondade e a misericordia me seguirão todos os dias da minha vida
(Isto é benção!)

E eu habitarei na casa do Senhor
(Isto é alívio!)

Por longos dias
(Isto é eternidade!)


"O que é mais valioso não é O QUE nós temos em nossas vidas, mas QUEM nós temos em nossas vidas." 


Citação do Salmo 23 da Bíblia Sagrada com comentários de autoria desconhecida.
Fonte: internet.



Receba a Cura - Ludmila Ferber

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

É que eu tenho a marca da promessa.


Eu já passei por tempestades, mar revolto, terremotos e até tsunamis. Mas sempre estive fincada na rocha.

Já vi tubarões serem domados, leões serem calados e até águias medonhas terem as asas aparadas. Mas sempre estive firme e livre nos limites da minha gaiola.

Já chorei de desespero, já me senti desolada, desamparada e até vulnerável. Mas tudo passou quando eu percebi que eu nunca estarei sozinha. Na verdade nunca estive.

Já passaram por aqui grandes reis e rainhas. Monarcas com suas mais bizarras artes de guerra. Sobrevivi a todas elas, mas cada uma me deixou um ferimento de guerra.

Já vi os tiranos descerem a guilhotina em pescoços afoitos e até em alguns inocentes. Sempre consegui preservar minha cabeça junto ao corpo.

Já vi sangue de inocente rolar por caprichos da nobreza. Sempre fiquei da minha cela a velar pelos que se foram e a rogar por mais um dia.

Foi aí que eu percebi: quando estamos na beira do precipício é que percebemos o valor do purgatório quando se tem como destino apenas o inferno.

Aldrêycka Albuquerque

Linguagem figurativa para desenhar meu cenário profissional do momento. Em outras palavras, estou aqui para dizer que EU TENHO A MARCA DA PROMESSA. E nada que eu  não peça aos pés do Senhor para Ele fazer por mim que ele não faça. Quando eu não posso fazer mais nada por mim nem pelos outros, peço a Deus em intercessão e Ele cumpre sua promessa: mexe Céus e Terra pelos justos que estão de mãos atadas diante de uma dificuldade. Só gostaria de fazer uma ressalva: cuidado ao querer por o dedo e prejudicar aqueles (como eu) que têm a marca da promessa.
Dreycka.

A MARCA DA PROMESSA - Trazendo a Arca

Se tentam destruir-me zombando da minha fé
E até tramam contra mim
Querem entulhar meus poços
Querem frustrar meus sonhos e me fazer desistir

Mas quem vai apagar o selo que há em mim?
A marca da promessa, que Ele me fez
E quem vai me impedir se decidido estou?
Pois quem me prometeu é fiel pra cumprir

O meu Deus nunca falhará, eu sei que chegará minha vez!
Minha sorte Ele mudará diante dos meus olhos

Prepara-me uma mesa na presença dos meus inimigos
Unge minha cabeça e o meu cálice faz transbordar
 

Mas quem vai apagar o selo que há em mim?
A marca da promessa, que Ele me fez
E quem vai me impedir se decidido estou?

Pois quem me prometeu é fiel pra cumprir!


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sementes Colhidas no Pequeno Príncipe



Neste carnaval li O Pequeno Príncipe. É um livrinho tão conhecido mundialmente que pra mim já tinha virado aqueles clichês que modelos burras e anorexas ao serem perguntadas “Qual seu livro favorito?”, elas respondem com ar pseudo-intelectual “O Pequeno Príncipe”. Admito que esse era o grande obstáculo que eu tinha para ler esse livro.

Porém, como tudo muda e tudo passa, uma amiga minha me confirmou que o Pequeno Príncipe era um livro muito bom, e não existe essa de que ele é infantil, ele tem uma moral-da-história que serve pra pessoas de todas as idades. Acreditei, comprei e li.

Fiquei impressionada com a leveza do livro. O quanto ele é complexo ao imaginar uma criança de seis anos o lendo com curiosidade e se deliciando com as gravuras. Como o livro mesmo fala, até “as pessoas grandes” devem ter dificuldade para entender TODA a essência do livro. Você vai precisar lê-lo algumas vezes para entender toda essa complexidade. No mais, é lindo. E profundo.

So... Catei algumas sementes deste livro, e pretendo compartilhar com vocês aqui. Espero que gostem.

“Quando o mistério é impressionante demais, a gente não ousa desobedecer.”



“Quando a gente anda sempre em frente, não pode mesmo ir longe...”



A flor diz: “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas!”



O rei diz: “É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar. A autoridade se baseia na razão.”



“É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.”


E por fim...
“As pessoas grandes são decididamente estranhas, muito estranhas.”


Quem tiver suas sementes do Pequeno Príncipe e quiser fazer uma contribuição... Fiquem a vontade!

Aldrêycka Albuquerque

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Odeio Carnaval

 

Do Carnaval eu só gosto de uma coisa:
UMA SEMANA DE FERIADO

Junte-se a mim ao bloco: Carnaval é uma @#% !! Voltarei a vida normal na Quinta-feira. Até lá: sombra, água fresca e transmissões bizarras na TV.


Da série: Insatisfações carnavalescas.


Drêycka

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

História sem nome (P7 - Final)



História Sem Nome
Parte 07 - Final

Os dois conversavam mais pela internet do que pessoalmente. Relacionamento moderno esse. Estranho e moderno, vocês hão de convir. Ela me disse que uma das melhores conversas que eles tiveram foi quando ele começou a descrevê-la. Segundo a garota, ninguém nunca falou dela como ele o fez naquele dia. Era incrível como ele conseguia vê-la por dentro, sua real identidade que muitas vezes estava encoberta pelas capas que a sociedade tanto requer. “Ele me conhecia tão bem... Isso não poderia ser por acaso”, justificava ela.

Bem, eu assenti com a cabeça e pedi que ela não se preocupasse, o que tivesse de ser seria. O que mais eu poderia falar? Ela estava convicta de tanta coisa, que seria capaz de esperar uma vida inteira por um amor que ela talvez nem conhecesse de verdade. Mas como ela bem disse: “Pra mim ele sempre será suficiente”. Isso é ou não uma loucura? Ou é amor? Às vezes desconfio que o que separa o amor da loucura é um fiozinho fino de náilon.

Fui embora na dúvida se aqueles dois um dia iriam se entender. Se ele um dia iria se acordar e perceber o quanto de amor ele está perdendo deixando a garota sozinha. Ou se um dia ele iria se acordar e subir no altar com sua dona e terminar de enterrar aquele protótipo de amor que ele construiu com a garota. Vai saber. Mas uma coisa é certa: Murphy não foi legal com aqueles dois. Se eles tivessem se conhecido um ano antes, quando ele era solteiro. Ou seis meses depois, quando ela já tivesse saído da faculdade. Eles tinham que se conhecer e levar o fardo da incapacidade amorosa pro resto da vida.

É óbvio que pra ela vai ser muito mais traumático. Na verdade sempre foi. Ela fica reclusa em casa tentando não pensar em muita coisa. Assiste seriados insanos e lê o maior número de livros possíveis. Já ele vai para resorts e lindas viagens com sua dona. É, é bem provável que ele aprendeu a viver sem ela bem mais rápido. Mas não é possível que ao ver uma página na internet, ou uma música no rádio ele ainda não lembre dela. Não é mesmo possível.

E aí? E se fosse com vocês?

Aldrêycka Albuquerque


Leia o começo desta história:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

História sem nome (P6)



História Sem Nome
Parte 06

Sinceramente foi bem esquisito escutar que Sansão era comprometido. Após tanto “love’s in the air” que havia entre os dois, era meio conflitante essa situação dele. Mas vocês hão de convir que agora está explicado o motivo dos pombinhos nunca poderem ter um ao outro. Tudo tem uma explicação. Por mais fatídica que ela seja.

Eu cheguei até a perguntar a garota sobre a tal dona do Sansão. Perguntar se ela era uma Mônica da vida (personagem do Maurício de Souza), ou se não passava de uma Magali. Mas entendi que ela era muito menos significante que isso, e dessa forma essa terceira pessoa não caberia nesta história. Na verdade a dona do Sansão conseguia se misturar tão bem a paisagem, que a garota começou a perceber o quanto de verdade ela mesma era estrela do seu próprio show. Por um lado isso era bom. Por outro, era aterrador.

Ao tocar nesse assunto, a garota parou, segurou no meu braço e disparou: “Você sabe quantas noites passávamos na internet conversando até sobre a relatividade do universo? Você imagina quantos fins de semana pudemos estar juntos e usufruir tão bem da presença um do outro? Você imagina o quanto fomos francos e nos abrimos um para o outro? Você pode imaginar quantos dos nossos olhares nós tentávamos freneticamente decifrar? O que eu sentia era mútuo sim! Talvez não da mesma intensidade, não da mesma maneira. Mas de certa forma ele era meu sim. Ele compactuava das mesmas intenções sim! Mesmo não nos tocando, nossos olhares e palavras tocavam lá no fundo da alma.” Bem, a garota tem seu direito de acreditar no que quer. Mas para mim esses fatos não passam de faíscas do acaso. Os dois nunca se configuraram numa possibilidade. Pelo menos não até agora.

O platonismo doentio desta garota é diferente. Em momento nenhum ela disse que ele era perfeito ou correto no que fazia. O mais intrigante era que ela tinha a plena noção do quanto ele era irritante, do quanto era desleixado, do quanto ela se irritava quando ele esquecia o dia do aniversário dela, do quanto ele parecia não se importar. O grande problema era que apesar disso tudo era com ele que ela arriscaria passar o resto da vida. Foi ao perceber isso que eu perguntei a ela se ela não se sentia mal em ele não demonstrar em momento nenhum que sente o desejo de arriscar tudo e tentar ficar com ela de uma vez. Ela foi seca: “Ele não poderia. Não seria justo com ela.” O que leva uma garota a amar tanto uma pessoa que até entende quando ele é covarde?

Segundo ela, não se tratava de covardia, mas de decência. Ele nunca poderia abrir mão de uma pessoa que o ama. Ela o aceitou do jeito que ele era e até hoje o ama assim. Agora ele vai trocá-la por uma pessoa nova, volátil e extremamente inconstante? A garota não acha que isso é ter uma baixa auto-estima, na verdade segundo ela isso é ser consciente, e se fosse ela, faria a mesma coisa. Ela pode negar, mas eu posso jurar que ela vai continuar com a vida dela de maneira independente e solta, mas sempre involuntariamente esperando por ele. Vai entender, cada um escolhe a cruz que vai querer levar. Eu até disse isso para ela. Ela me sorriu e começou a contar mais um dos seus momentos que ela tanto guardava com nostalgia e carinho.


Aldrêycka Albuquerque


Leia o começo desta história:

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

História sem nome (P5)


História Sem Nome
Parte 05

A garota e Sansão. Sabe um ponto bem interessante da relação destes dois? Eram os olhos. Ambos escondiam segredos no olhar que só eles entendiam. Ela e aqueles olhos castanhos e misteriosos sempre tentando inquirir dele uma reação, mesmo que impulsiva. Em contrapartida o que ele via nos olhos dela era uma charmosa janela para a sensualidade. Sansão por sua vez tinha olhos pequenos cor de caramelo, tinham formato de olhos de peixe morto, como ele mesmo dizia. Mas esses olhos doces guardavam uma luz tão intensa que dilacerava a garota por dentro. Para ela, uma conversa afiada era como brincar com aquelas espadas do Highlander, feixes de luz poderosíssimos e os dois se engalfinhando pelos olhos por qualquer motivo banal. Ele era sexual. Ela era sentimental. É lógico que eles sempre brigavam.

Ele gostava de sempre bancar o idiota, mas ela sempre pensava que ele era uma pessoa bem melhor lá no fundo dos olhos. Já ele passava todo o tempo tentando mostrar a ela o quanto ele era inviável, insensível e machista... Pena ele nunca ter conseguido convence-la disso. Teria evitado algumas dores de cabeça, com certeza. Na verdade a garota gostava de dizer que Sansão trazia um “Id” dentro de si cheio de sentimentos e vontades que o seu “Super Ego” trancafiava de uma forma que só os olhos denunciavam a pessoa linda que tinha lá dentro. Apesar da capa dura, fria e muitas vezes calculista, no fundo tinha um Sansão que só queria se jogar naquela relação. Ela até tentou explicar essa teoria a ele, mas ele riu da cara dela. Ele não era homem de tantas faces. Ele era ele e pronto. Sem Ids, sem Egos nem Super Egos. Pobre tolo esse rapaz, precisava assistir algumas aulas de psicologia para entender o que ela dizia.

Foi aí que eu perguntei a garota o verdadeiro motivo dos dois nunca poderem ficar juntos. O que é que prendia a vontade de ambos, já que ela jurou que sempre sentiu nos olhos dele a força do desejo e a mesma vontade que ele tinha, mas ele se continha. Na verdade ele chegou até ser bem franco com ela, expondo o quanto ele a queria, mas no final das contas ele sempre a quis de um jeito diferente que ela. Ela o queria ao alcance dos olhos, ele a queria numa mesa, rodeada de batatas e besuntada no molho Barbecue. É bem claro que existia um conflito de interesses, mas mesmo assim esse abismo todo entre os dois ainda era meio injustificado. Foi sob este meu questionamento que ela foi categórica: o Sansão tem dona, minha querida. Sempre teve.

Continua...

Aldrêycka Albuquerque


Leia o começo desta história:

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

História sem nome (P4)


História Sem Nome
Parte 04

Se você ainda acha que essa necessidade extrema que a garota tinha de querer guardar cada milésimo de segundo que passava com o Sansão é algo normal e até sadio, o que você acha dela ter decorado o que foi que ele pediu para comer no restaurante onde eles se reuniam com os amigos? Ou a cor de todas as blusas que ele ia para a faculdade? Ou pior, o tom da gargalhada dele no meio de um burburinho só? Pois é, definitivamente ela tinha problemas.

Outro dia desses eles se encontraram pela internet. Nos trinta minutos seguintes eles mostravam um ao outro pela webcam os livros que tinham na estante. Dan Brown, Fernando Sabino... “Como nós temos os gostos parecidos!” pensava ela. Mas ele sempre tinha mais livros e sempre achava o gosto literário dela frívolo. Vai entender. Era Sansão de um lado rindo por ela ter poucos livros, e do outro lado ela só escutava:

“Mas vai ser impossível não lembrar
Vou estar em tudo em que você vê:
Nos seus livros, nos seus discos
Vou entrar na sua roupa
E onde você menos esperar
Eu vou estar”
Capital Inicial

Tudo não passava de brincadeira e obsessão musical. E assim eram as conversas pela internet. Horas e mais horas falando dos mais variados assuntos das mais variadas formas. No final ela sempre ia dormir irritada e ele sempre sorrindo. Sansão falava, ela escutava, traduzia em música e eternizava. Era ridículo, mas era verdade.

Mas o que ela mais gostava era a presença. Principalmente os inúmeros passeios curtos de carro. Do trabalho dela para a faculdade, da faculdade ao ponto de ônibus. Ele sempre muito gentil concedia as caronas e eles iam todo o caminho falando de frivolidades. Um dia quando estavam conversando, tocou uma música no carro:

“Darling you got to let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
I’ll be here ’til the end of time
So you got to let me know
Should I stay or should I go?”
The Clash


Ele começou a cantarolar o refrão e ela o acompanhou. De um lado ele torcendo pra poder “ir embora” e do outro ela pedindo a Deus pra ele ficar. E assim eram os dois na maioria das vezes. Dicotômicos e inflamáveis. Sabe Deus o motivo, mas ainda assim eles se gostavam. E isso poderia ser visto com o brilho no olhar dos dois ao conversarem. Mesmo se fosse mais uma das suas briguinhas idiotas ou apenas filosofando sobre a vida. Os olhos dos dois tinham sincronia e um brilho único. Impossível não ver o quanto eram especiais juntos. Impossível perceber o quanto o conjunto era tão melhor que o individual.

Aldrêycka Albuquerque

Contiua...
Leia o começo desta história:

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

História sem nome (P3)


História Sem Nome
Parte 3

Ao tentar me contar a história, a garota preferiu começar pelo momento que ela mais gostava: o passeio cor de laranja. Então ela começou a contar e ao mesmo tempo reviver. Eles estavam no carro dele. Ela decorou tudo na memória: a estrada estava úmida e particularmente bela naquela manhã. No ar estava aquele cheiro de chuva recente e existia uma atmosfera cor de laranja sob a copa das árvores ao longo da estrada. Estudar aos sábados nunca foi tão prazeroso, pensava ela. Ele ligava para ela cedinho e por telefone derramava a voz mais doce e misteriosa que ela já escutou na vida. Assim, a garota contava os minutos para chegar à faculdade, sentar ao lado dele e depois, com sorte, passearem de carro até o ponto de ônibus.

Antes de continuar falando do tal passeio cor de laranja ela interrompe a nostalgia e começa a abrir um parêntese com tanto gosto e prazer que só fez provar o quanto ela ainda era louca por Sansão. Os parênteses eram sobre o belo sorriso do rapaz. Ele sorria com a alma, com o coração, dizia ela. Tinha uma gargalhada que aquecia o coração dela. Ela poderia identificar aquele sorriso no meio do Carnaval, em pleno Galo da Madrugada se fosse preciso. Era incrível, mas se ela pudesse escolher duas coisas pelas quais ela era mais apaixonada nele (se na verdade ela não o amasse por completo como o faz), seria seu sorriso e seu olhar. Definitivamente esses dois a faziam voltar pra ele sempre.

Voltando ao passeio, enquanto ele dirige e fala sobre como o pai dele dirige mal, a mãe dele dirige bem e como ele ensinou uma amiga a dirigir, a garota fica pensando em quantas vezes ela vai reviver aquele momento na sua memória. Ela tem a plena certeza que nunca vai esquecer daquele momento. Nem em mil anos. Sansão fala, e só escuta ela concordando com ele alguns “anham” extremamente sonoros e chatos. Já a garota decora cada milímetro daquele pedaço de história e só consegue escutar música:

“Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba...”
Cassia Eller

Música, muita música. A voz dele parece música, aquele momento parece ter saído de uma música. Ela continua decorando tudo (e como tudo está diferente!). Estava tudo laranja e em câmera lenta. Era ela eternizando tudo de novo. Era o grande problema dela: sempre achar que tudo “é grande coisa”. E muitas vezes não é! Não passa de banalidades e acasos. Mas para ela eram dádivas e pérolas que ela colhia pelo caminho e guardava na memória insana e seletiva dela. Pobre garota, dona de uma história impessoal e sem nome.

Aldrêycka Albuquerque

Continua...


Confira o começo desta história:

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

História sem nome (P2)


Esta é a segunda parte da "História Sem Nome", de minha autoria. Leia e dê uma sugestão de um nome para a coitada da história. Ela merece!

Drêycka

História Sem Nome
Parte 2


A garota é comum, igual a qualquer outra na multidão. Olhos expressivos e nas mãos a esperança de um futuro melhor. Ela sempre vivia no futuro, esperando, torcendo e planejando. Cachos nos cabelos e corpo esguio. Definitivamente ela era comum. Como eu já ouvi falar, ela era marrom: tem coisa mais normal que o marrom? Olhos marrons, cabelos marrons... Nada de loirices nem azul cor de anil. Ela era bem comum mesmo. Perfeita pra ser paisagem.

Ele era alvo, cabelos negros até os ombros. Sansão era o tipo de rapaz que poderia se destacar numa multidão por sua esquisita barba tipo “los hermanos”, seus cabelos longos e sua bela altura. Chamavam ele de Jesus, mas preferi chama-lo de Sansão - achei mais a cara dele. Ele se destacava mais por aquele conjunto barba-cabelo-bigode do que propriamente por sua beleza. Na realidade, desde o primeiro dia de aula todo mundo percebeu um Jesus na sala enquanto ela percebeu um ser lindo e inteligente de barba e cabelos compridos. Começa aí o platonismo da pobre garota.

Como eu dizia, eles se conheceram na faculdade. Mesmo curso, anos de diferença. Por ironia do destino ou puro acaso eles foram jogados numa mesma disciplina naquele semestre. Ela poderia jurar que ele era o barbudo mais lindo da face da terra. Já ele? Ele não deve ter visto ela naquele dia. Talvez na semana seguinte. Pois eram duas vezes na semana, durante seis meses - foi o tempo que ele levou para se tornar um platonismo tão sólido na vida dela que até os dias de hoje, cerca de dois anos depois, volta a aterrorizá-la de vez em quando.

A garota não sabe mais deixar de pensar no Sansão. Previsível, pode-se achar. Quando se tem uma paixão, todo mundo passa por isso... Mas com ela era diferente, ela se martiriza e eterniza cada fração de segundo quando está com ele. Isso talvez não seja platonismo, talvez não seja uma doença, mas é no mínimo doentio e estranho. Ele provavelmente não tem muita culpa por toda essa projeção insana que ela construiu, mas teve lá suas parcelas de contribuição. Se ele não tivesse um sorriso tão iluminado ou uma gargalhada tão sonora, talvez ela não tivesse escolhido ele. Mas ele era tudo isso. Sansão era tudo e mais um pouquinho.


Aldrêycka Albuquerque

Continua...


Leia a parte 1. Clique AQUI.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

História sem nome (P1)


Estou escrevendo uma historinha e vou publicá-la aqui durante os próximos dias. Espero que vocês gostem e que me sugiram um nome pra ela. A cada dia que eu publicar um trecho serão mais informações que vocês terão pra poder me ajudar a dar um nome legal para a pobre historinha sem nome.

Beijos!
Drêycka




História Sem Nome
Parte 01

“Procuro evitar comparações,
Entre flores e declarações.
Eu tento te esquecer.
A minha vida continua,
Mas é certo que eu seria sempre sua.
Quem pode me entender?
Depois de você,
Os outros são os outros 
E só!”
Leoni

Essa é uma história que aconteceu com uma amiga de uma amiga minha. Ela é assim, como eu: meio sonhadora, meio durona, mas humana. Sofreu um platonismo que dói até hoje. E essa história é sobre eles dois: Sansão e a garota que é amiga de uma amiga minha. É uma relação bem interessante, você vai ver.

Primeiro eu deveria definir platonismo. Platonismo, logicamente, remete ao filósofo Platão. E segundo o Google, o filósofo Platão tinha um conceito de amor puro, separado do apelo sexual e desprovido de paixão. Já segundo o dito popular, amor platônico não passa de uma projeção que uma pessoa faz da outra, que é tão grande e perfeita que não se pode tocá-la. Em outras palavras, viver um platonismo é quando você aceita alguma coisa ou alguém de uma forma tão totalitária e extremista, que você deixa de enxergar os defeitos e problemas daquilo ou daquela pessoa. Daí vem a expressão “Amor Platônico”, que era o que aquela garota sentia pelo Sansão. Pelo menos era o que parecia.

Talvez os dois personagens desta curta história nunca terminarão juntos. Nem no fim da história, nem na eternidade. Na verdade nunca estiveram juntos, em momento nenhum. Talvez nunca tivesse sido um amor platônico de verdade, mas apenas um “causo” desses que a gente escuta no ônibus e fica se perguntando como poderia ter sido se fosse com você. Mas o que importa é que foi algo tão estranho e ao mesmo tempo tão bom, que a tal amiga da minha amiga deixou-me escrever a respeito. A história que você vai ler não é nenhum romance homérico nem muito menos nada parecido com Tistão e Isolda ou Romeu e Julieta. Os pombinhos nunca se tiveram nem nunca se terão. O mais interessante dessa história é conseguir entrar na cabeça doentia dessa menina que conseguiu gravar tão bem na memória momentos esdrúxulos de uma amizade estranha por um colega de faculdade.

É bom deixar claro que nenhum dos dois personagens morre no final. Nenhum deles termina no psicanalista nem muito menos terminam juntos. Eles se conheceram separados e continuam separados até hoje. Pelo menos é assim que estão até este momento que estou escrevendo isso para vocês, caros leitores.

Só peço que vocês não a julguem. Aquela pobre garota de memória seletiva e com um sentimento doentio por um rapaz chamado Sansão. Só tentem entrar na cabeça dela e imaginar como teria sido se fosse com você. Pois poderia não ter sido o Sansão, poderia ter sido você, o Tistão, o João ou o Pedro dali da esquina. Ou poderia não ter sido a amiga da minha amiga, mas sua irmã, sua prima, a Juliana da academia ou até eu (mas não sou, ta?). A história que vocês vão ler pode ter acontecido com qualquer um, e também poderia ter terminado de várias maneiras diferentes. É o que você vai ver agora. Como as possibilidades realmente existem e como o Murphy sempre mete o bedelho e faz com que a possibilidade mais imbecil se concretize.

Boa leitura.


Aldrêycka Albuquerque

Continua...