terça-feira, 26 de março de 2013

O Velho Homem e a Felicidade



Então, numa fração de segundos senti que algo dentro de mim envelheceu. 
Se enrugou tal qual uma uva passa. 
Curvou-se sobre si mesmo,
Como se não suportasse o peso de sua própria existência. 
Era o velho homem.
Mais uma vez a me segurar, 
Como um peso morto sobre meus sonhos
Prendendo sob si a minha felicidade.

Aldrêycka Albuquerque

domingo, 10 de março de 2013

[RESENHA] As Suas Lembranças São Minhas - Cecelia Ahern





Este é o segundo livro da Ahern que leio e já posso dizer que estou virando fã dessa escritora. As suas lembranças são minhas (Thanks for the memories) assim como A vez da minha vida (The time of my life) – que li no anopassado – são livros sem muitas reviravoltas ou questões filosóficas, porém são tramas emocionantes e únicas. São do tipo de livro que você não costuma ver por aí pelas livrarias. Bem como o aclamado best seller PS Eu te amo (PS I love you) – também da Cecelia Ahern, e que por sinal ainda não li – , são livros que misturam histórias simples do dia-a-dia (a boy meets a girl), põem uma pitada de fantasia e pronto! Temos um livro que depois de lido custa esquecer!


Em As suas lembranças são minhas somos apresentadas a Joyce, uma irlandesa que já chega ao enredo do livro em uma situação delicada. Ela acaba de cair da escada e sente que acabara de perder o filho que estava esperando. Do outro lado do oceano (e da história), conhecemos o Justin Hitchcock, professor de história da arte, natural dos Estados Unidos e que há poucos meses está morando na Inglaterra. Então, de forma completamente casual, a vida destes dois se cruza. E com uma pitadinha de fantasia (como em um conto de fadas) eles recebem do destino uma conexão tão forte, que passa a mexer com a vida dos dois de uma forma a colocar tudo de cabeça para baixo.


Essa história ensina a gente que às vezes, algumas coisas acontecem na nossa vida de forma tão repentina e sem sentido, que o melhor que temos a fazer é simplesmente aceitá-las. Sem muitas perguntas ou sem querer entender o porquê de tudo. Às vezes a felicidade pode chegar a nós dentro de uma cestinha de muffins de canela, deixada na nossa porta de entrada, com um bilhete e vago e sem o nome do destinatário. E as duas únicas opções são, deixar a felicidade entrar assim cheia de mistérios, ou ficar paranóico para saber como os muffins chegaram ali ou quem foi que fez aquilo. As duas opções são factíveis, mas com certeza os bolinhos serão mais gostosos se apreciados com a curiosidade e receptividade da primeira opção. 


Justin Hichcock custou a entender isso e perdeu muito tempo querendo caçar a felicidade. Por muito tempo comeu os bolinhos muxoxo, sem sentir muito o gosto, até entender que tinha que mudar de abordagem. Joyce por outro lado, apesar da natureza humana curiosa e questionadora, embarcou com tudo no que estava sentindo, sem se perguntar muito se aquilo fazia sentido. E os dois, num dado momento entenderam a “moral da história”. Uma hora precisamos parar com as perguntas e simplesmente agradecer. À surpresa, à vida, à cestinha de muffins, ao amor de cachecol vermelho tremendo de frio na frente da sua casa... E quanto mais rápido você parar de questionar tudo e aceitar, as coisas ficam mais fáceis, mais leves, e então a felicidade faz morada permanente na nossa vida.


Hugh Jackman e Ashley Judd cairiam bem para o papel, o que acham?


QUOTES:
“Pefer et obdura; dolor hic tibi proderit olim" - Seja paciente e forte; um dia esta dor lhe será útil.

"O que acontece com as pessoas hoje em dia? Na minha época, alguma coisa simplesmente era. Ninguém analisava centenas de vezes. Não havia esses cursos de faculdade com pessoas se formando em Por quês, Como e Porquês. As vezes, amor, você apenas tem que esquecer essas palavras e matricular-se em um pequeno curso chamado "Obrigado"."

"A serenidade absoluta está dentro da mais completa desordem - e acontece rapidamente, num piscar de olhos."

“Lá está ele, parado no portão do jardim com um buquê de flores nas mãos e o olhar mais arrependido do mundo no rosto. Ele está coberto por um cachecol e um casaco de inverno, a ponta do seu nariz e as bochechas parecem vermelhas do frio, os olhos verdes brilhando no dia cinzento. Ele é uma visão; ele tira o meu fôlego com um só olhar, sua proximidade é quase demais para suportar."



Aldrêycka Albuquerque

quarta-feira, 6 de março de 2013

Déjà Senti







Começa a tocar uma música antiga e conhecida. Há muito não escutada. Então, tudo chega como uma onda quebrando na costa, um pacote pesado e cheio de memórias de um passado pouco ou muito distante. Pacote que cai pesado em cima do seu coração e antes mesmo de descobrir como abrí-lo, ou saber do que se trata, você suspira. -"Pensei que tinha escondido muito bem isso aqui, pensei que não mais iria voltar". Mas voltou. Tudo de novo. Empoeirado, pesado, dolorido... Uma hora tudo volta. Você não sabe bem o quê, só sabe que ainda lembra. Pelo menos vagamente, como flashes de um filme que você protagonizou, tudo vem aos pedaços e passam a fazer sentido. Lentamente. 

Então a música termina e você escolhe se junto com ela termina também esse saudosismo. Ou põe pra tocar a música novamente, se o pacote te trouxe uma lembrança boa. A música toca novamente quando a dor é surportável. Quando as lembranças são de um passado distante no qual você ainda se permitia alguns sentimentos hoje já extintos. E a música continua tocando até você matar toda a saudade do que passou. Até então desligar o som e guardar de volta aquele pacote de lembranças no canto empoeirado de antes. Até a próxima música tocar e te trouxer um pacote novo do passado. E tudo voltar a tona. De novo, de novo e de novo.


Aldrêycka Albuquerque