Isso soa como idiotice, mas ultimamente eu tenho me imaginado de frente
com você, tocando no violão suas músicas favoritas. Será que você
desviaria o olhar se eu cantasse para os seus olhos? Não sei tocar
violão.
Queria já estar acostumada com o barulho que você deve fazer
quando coloca as chaves em cima da mesa, ou saber que você chegou de
ouvir o som da porta bater. Mas nossa rotina não se cruza dessa maneira.
Acho
que nunca te contei, mas eu ainda acordo de madrugada procurando seu
cheiro nos lençóis. É que o seu nome ainda não consegue me descrever seu
perfume. Tem noites que paro pensamentos em como eu gostaria que meu
travesseiro fosse seu peito, porque nessas últimas semanas, eu tenho
dormido de lado só para que você caiba na minha cama.
A verdade é que
paraliso toda vez que passo por alguém que tenha nos cabelos e olhos a
mesma cor dos seus. E quando já nunca te esqueço, todo canto me faz te
lembrar, você cabe em todos os lugares. Bem que poderia estar aqui para
apagar as luzes e beijar a minha boca.
O que será que você faz
enquanto escrevo? Tenho inveja de qualquer um que te conquiste a
atenção, e tenho ciúmes de todos os seus sonhos. Tenho raiva daqueles
que te querem, e tenho vergonha de admitir. Tenho muito medo dos seus
planos e de não estar neles. Tenho tanta sorte de me sentir como sinto,
mas sei também do azar que é não poder te encaixar o tempo todo aqui
comigo. Tenho pensado bastante em nós e no que – ainda – não somos.
Odeio estar tão apaixonada, mas é o que mais me faz sorrir.
O título original deste texto é PARA UM DOS MEUS FANTASMAS, e encontrei perdido aqui: http://meuretrato.wordpress.com/2008/08/05/para-um-dos-meus-fantasmas/