quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

[RESENHA] Alta Tensão – Harlan Coben




Nesta aventura do conhecido personagem Myron Bolitar, nos deparamos com uma trama envolvendo segredos familiares. O drama se desenrola em torno de se questionar se o amor verdadeiro sobrevive a sinceridade total. Seja o amor entre parentes, quanto o amor entre um casal. Myron tenta descobrir segredos que envolvem Brad, seu irmão caçula e que não tem contato há 15 anos, Suzze, sua cliente e amiga e também sua cunhada problemática Kitty.

Seguindo a linha já conhecida do Harlan Coben de tratar de desaparecimentos, ALTA TENSÃO – ao meu ver – foi o livro menos envolvente do autor. Dos cinco livros dele que já li, acredito que esse não tenha tido uma trama tão imprevisível e de tirar o fôlego como DESAPARECIDO PARA SEMPRE, NÃO CONTE A NINGUÉM ou mesmo CILADA. Apesar disso o enredo é bem escrito e todos os mistérios no final são revelados, uma característica muito positiva do autor.

Outro ponto muito legal, que acredito que dá ao leitor uma pitada de familiaridade em qualquer livro do Harlan, é que às vezes um personagem secundário de um livro aparece de surpresa em outros. Um exemplo é a advogada durona Hester Crimstein, que aparece nos títulos ‘Não conte a ninguém’, ‘Confie em mim’ e ‘Cilada’. No caso de ALTA TENSÃO, a personagem que aparece de surpresa é a agente de polícia Loren Muse, que também fez parte da trama de ‘Confie em Mim’. Gosto muito desses personagens secundários visitando outras histórias, faz você se identificar com aquele livro no mesmo momento.


Ao meu ver este não é o livro de Harlan Coben que eu categorizaria como MUST TO HAVE, daria apenas um NICE TO HAVE, pois ele te ajuda a entender mais da vida do Myron Bolitar, um personagem chave do Harlan Coben que aparece em pelo menos quatro títulos: 'Quebra de Confiança' (primeira história do Myron), 'Quando ela se foi,' 'Alta Tensão' e 'Shelter' - que ainda não chegou no Brasil. Então, é bom que você tenha lido ALTA TENSÃO para entender os meandros psicológicos do personagem que parece ser a “aposta” do Harlan. Não sei se a idéia do autor seja criar um Robert Langdon do esquecido Dan Brown, o que eu acho uma péssima idéia. Diversos livros com o mesmo personagem pesam a leitura, dão gosto de “trilogia” e carimbam um leve teor de previsibilidade aos enredos. Tanto é que Dan Brown só se arriscou em dois livros. Harlan Coben já está no quarto, e eu estou um tanto pessimista quanto a isso. Não que eu não tenha gostado do Myron Bolitar, pelo contrário, pra mim ele é a própria mistura do mistério de George Clooney com toda a virilidade e aparência física de Javier Bardem, ou seja, delicinha. Mas é que 4 enredos com o mesmo personagem principal me desestimula.

Javier Bardem daria um excelente Myron Bolitar


Enfim... Leiam e tirem suas próprias conclusões quanto ao livro! Leitura rápida, leve e com gosto de Harlan Coben – não tem como ser ruim!

QUOTES:
 "A morte não faz a pessoa parecer mais nova, nem mais velha, tranqüila ou agitada. A morte faz a pessoa parecer vazia, oca, como se tudo houvesse ido embora, como uma casa subitamente abandonada. A morte transforma o corpo em um objeto - uma cadeira, um arquivo de pastas, uma pedra. 'Porque você é pó e ao pó voltará´, certo?" P.137

"É comum, em momentos difíceis, as pessoas dizerem que o tempo cura todas as feridas. Conversa fiada. Na verdade, você fica arrasado, se entrega ao sofrimento e chora até achar que não vai conseguir parar nunca mais - e então chega a um ponto em que o instinto de sobrevivência assume o controle. E você para. Simplesmente não quer nem consegue se permitir mais "entrar em contato" com a dor, porque ela é grande demais. Você a bloqueia. Você a renega. Mas na verdade não se cura." P.44

"Então, amigos de verdade. Você deixa que eles saibam o que há de pior dentro da sua cabeça. Tudo o que há de mais repugnante. (...) E sabe o que é mais estranho nesse tipo de relação? Sabe o que acontece quando você se abre totalmente e deixa o outro ver que você é uma pessoa decadente? (...) O seu amigo gosta ainda mais de você. Com todas as outras pessoas, você arma uma fachada e esconde as coisas ruins para que elas gostem de você. Mas com os amigos de verdade você revela seu pior lado e isso acaba conquistando o afeto deles. É quando deixamos cair a fachada que conseguimos nos conectar aos outros. Então eu pergunto a você, Myron: por que não fazemos isso com os outros?" P. 29

Aldrêycka Albuquerque

Nenhum comentário: