Ontem, 08 de Março do apocalíptico ano de 2012. Como nas mais diversas vezes, teu fantasma veio me assombrar. Primeiro foram algumas lembranças dando calafrios na espinha, depois a imaginação começou a criar chifres na cabeça de burros e cavalos. E então a inconsequência e o ciúme cuidaram do resto.
Em cada momento importante que compartilhamos a lua cheia estava lá, grande e amarelada pendurada no céu. Antes eu até brincava com tal coincidência. Mas ontem isso me assustou. Não cheguei a contabilizar, mas foram tantas as vezes que você reapareceu das sombras em plena Lua Cheia, que ontem tive medo. E não é por causa daquela minha brincadeira de te chamar de lobo, lobisomen por causa da sua mudança de comportamento nesta fase da Lua. Mas é que agora é meio bizarro.
Na Lua cheia você já falou tanta coisa que eu não deveria ter ouvido... Fez tanta coisa que não deveria ter feito! Oh céus, que força é essa que te influencia? A Lua te faz mentir ou te faz mostrar quem és realmente? O que tem a Lua?
"Cut the bonds with the moon..." Glen Hansard
É este meu mantra agora. Repito ao procurar o que não devo, e dar de cara com rostos felizes e um você talvez até realizado. Um mantra que repito quando escuto tuas antigas palavras no mais absoluto silêncio. Ao descer as escadarias do metrô e dar de cara com aquela rechonchuda pendurada no firmamento, sorrindo da minha tristeza. Corte toda e qualquer ligação com a Lua. Deixe tudo no passado, siga em frente. Deixe mesmo de lado, odeie se preciso.
"...não há civilização no fim do amor, a barbárie e a selvageria sempre prevalecem." Xico Sá
Mas siga em frente, nada que ficou para trás vale mais a pena. Bata a porta e deixe a Lua encher até explodir lá fora.
Aldrêycka Albuquerque