domingo, 8 de julho de 2012

Old Style


Eu sempre faço isso. Me coloca numa sala com trezentos vestidos e eu só vou olhar para aquele está além do meu orçamento. Transponha essa situação para a vida afetiva e voilà. Temos aí o cerne da minha infelicidade no amor.

Mas não é que eu escolha errado. As roupas da coleção nova são ótimas e vestem bem. Só que geralmente custam caro. É como se o preço que pagamos por elas estivesse associado ao capricho de possuirmos algo difícil. Queremos conquistar mais do que uma mera peça em liquidação. Queremos algo especial.

Pelo que me lembro, nunca me apeguei a homens em ponta de estoque. Aqueles rodados, que circulam por vários corpinhos, dos gorduchos aos mais sarados, sem nunca encontrar quem lhes vista bem. Eu gosto das peças únicas, que você bate o olho e sabe logo que são diferentes. Aquelas que você tem tanta certeza de que vão dar certo que poderia levar para casa sem nem experimentar.

O problema é que os homens da coleção nova são superestimados. E aquele encantamento inicial da loja se dissipa nas primeiras falhas que você encontra na costura. Ou quando repara em um corte equivocado na manga. Alguns desbotam na lavagem, outros deixam manchas no restante das roupas. Assim, o investimento na conquista de alguém que consideramos ser uma peça especial nem sempre vale a pena.

É por isso que há tempos não faço compras. Não chego a dizer que é por medo de me decepcionar com os vestidos que se encontram por aí nas araras. É mais por preguiça de experimentar à toa. Por cansaço mesmo.

Na falta de tempo e de paciência, talvez valha mais a pena sair carregando vários com 80% de desconto. Pelo menos assim não criamos expectativas. Sabemos que o material não é de qualidade e que não vai durar.

Sem querer ser saudosista, ainda mais de uma época que eu não vivi, mas o fato é que não se fazem mais roupas como antigamente. E apesar dos sombrios tempos da descartabilidade, na moda e no amor, eu sigo old style.

Trecho do texto da Natália Klein do ADORÁVEL PSICOSE.

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Olá Drêycka!
Para mim é novidade: ‘homem ponta de estoque’. [risos]
Parabéns pelos 5 anos de blog!
Abraços e uma excelente semana!

“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jeferson Cardoso)

Convido para que leia e comente “KUDURO, O CÃO” no http://jefhcardoso.blogspot.com/