Tethered to a bird of sorrow
A voice that's buried in the hollow
You've given over to self-deceiving
You're prostrate bound but not believing
You've squandered more than you could borrow
You bet your joys on all tomorrow
And for the hope of some returning
While everything around you is burning
Bird of Sorrow, Glen Hansard
Um dia desses uma amiga veio me
falar do buraco que sentia no peito pelo falta do amor que tinha a deixado. Um
duro golpe pra ela, que há seis meses tinha resolvido deixá-lo e quando mudou
de idéia, descobriu que agora era ele que não queria mais nada. Cada um teve
seu motivo, cada qual com sua razão e certezas. O motivo dele foi mais
dramático, um filho. O dela, provavelmente o pós-feminismo. Ou, se me
permitirem a expressão, puro excesso de ego. Pelo menos é o que enxergo eu daqui
do outro lado, safe and sound.
“Não sei gostar das pessoas pela
metade.” Já escrevia Jane Austen em seu romance mais juvenil. E talvez essa
afirmação até seja bem adolescente mesmo, prova da totalidade e do binarismo de
ser dos jovens. Mas é bem isso, eu também não sou de gostar pela metade, de
querer, mas não se importar. Vou fundo em qualquer que seja a relação para que
nunca haja dúvidas sobre os meus sentimentos. E é por isso que quando vejo mulheres
incongruentes, que deixam passar pelos dedos seus amores, me ponho a pensar...
Por que estar com quem se gosta não é o bastante? Pra quê complicar? Procurar
desculpas? Dizer “ah, somos tão diferentes” quando o que se quer dizer mesmo é “não
tenho coragem de me abrir pro amor”. As mulheres adeptas ao pós-feminismo que
impera nos dias de hoje, querem muito, exigem muito do amor e do amado, mas
acabam se esquecendo que também precisam ser alguém disposto a oferecer amor para
a outra pessoa. Ser alguém capaz de amar tanto quanto exige ser amado. Como se
amor se exigisse... Mas me permitam a licença poética.
Hoje as mulheres ditas independentes
(as que batizei de pós-feministas), as incendiárias de sutiãs (e corações) dos
dias atuais, são neuróticas que vivem reclamando. Como se reclamar do homem fosse
prova do poder que elas têm sobre eles, ou pior, prova de sua não-submissão,
não-dependência. Mas se isso prova alguma coisa, provaria apenas a loucura
dessas mulheres. Acompanhem comigo. Se elas ganham flores, queriam chocolate, se
ganham chocolate, eles não têm criatividade nem romantismo; Se eles ligam, elas
queriam que não ligassem tanto – está me sufocando! -, mas se não ligam são insensíveis;
Se eles as visitam, são grudentos, se não aparecem nas casas delas estão as
traindo; E se eles não estão as traindo, eles provavelmente estão traindo – porque
eles sempre traem, certo? Errado.
Essa enxurrada de neuras é tudo
desculpa. As mulheres hoje pararam de procurar o amor e simplesmente procuram
critérios. Critérios para serem atendidos (apenas) pelos homens. Critérios que no final
das contas elas nem entendem de verdade, e os criam quando querem e para
justificarem suas próprias neuroses. Critérios que são impossíveis de serem
atendidos pois são subjetivos demais, confusos demais... Ou seja, as mulheres
modernas e independentes deixam seus homens relegados a uma eterna investigação
que no final das contas vai provar (sempre) que eles são culpados de qualquer
coisa. Que elas não precisam deles para nada. Que eles não prestam, que são
insuficientes. E quando eles se cansam e vão embora, elas sofrem. Por quê era
tudo aparência. Ela o amava, só não sabia deixar isso claro. Tinha medo de que
amar a fizesse parecer fraca.
Mecanismo de defesa. Técnica universalmente
utilizada por todas as espécies da Terra. Mas as tais mulheres pós-feministas
parecem que estão fazendo errado, tudo errado. Se vocês estão apaixonadas
moçoilas, desarmem-se! Se deixem passar por boba, falem o que querem falar de
verdade, sejam a primeira a dizer eu te amo. Medo pra quê? Se tiver que acabar,
se ele tiver de se mostrar um canalha ou se você se decepcionar, o que vai
estar em questão será o caráter dele, e não a sua habilidade de amar. E
convenhamos, muito pior que ter amado e ter quebrado a cara, é se perceber
incapaz de receber (e dar) amor.
Não esqueçamos que no amor a via
é de mão dupla.
Aldrêycka Albuquerque