sábado, 12 de abril de 2014
escrevo para você
Eu escrevo para calar os meus desejos.
Escrevo para libertar meus prisioneiros.
Escrevo para te fazer me escutar em uma outra dimensão cósmica.
Mas tudo o que eu te escrevo trafega em fios que envolvem o mundo.
Fios que passam pelos céus do teu quintal, pelos céus do meu jardim.
Fios que pássaros costumam pousar e pesar, atrapalhando a mensagem.
E eu fico esperando os pássaros alçarem vôos, para que liberem nossos fios.
Para que minha mensagem chegue a você intacta.
Para que nossa saudade não pegue carona com as aves, e nos deixe.
Eu escrevo para realizar a maquete que construí de nós dois.
Construí duas pessoinhas sem nariz e meio disformes.
Construí duas marionetes das nossas vontades.
Eles não são impedidos de se amarem.
Nossos avatares são instrumentos de tudo o que calamos.
Nossos avatares se permitem serem tudo o que desistimos de ser.
E eu fico só, esperando que nossos fios se encontrem no final.
Para que você me escute, me leia, me decifre.
Para que durante à noite você deite e guarde para si pelo menos uma certeza:
Eu escrevo para você.
Apesar dos prisioneiros.
Apesar dos pássaros.
Apesar dos fios.
Apesar das marionetes.
Apesar das vontades.
Apesar das ausências.
Eu escrevo pra você!
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