Apesar do nome característico de
livros de auto-ajuda, não é este o caso. Acredito que a escolha do título não
tenha sido de fato muito feliz. E olhe que nem foi a versão brasileira, já que “Love
the one you’re with” (Ame quem está com você) tem o mesmo ar clínico-terapêutico
do título brasileiro. Passado todo o preconceito pela fraca escolha do título,
vamos para o que interessa: o conteúdo. E esse aí sim, deu gosto de ler.
Versão em inglês - Love The One You're With |
Como a sinopse fala, Ellen é
casada com Andy, o esposo dos sonhos. Tem uma vida maravilhosa, mas um belo dia
ela esbarra na rua com seu ex, Leo. Um encontro ao acaso (no qual todas nós
estamos a mercê de vivenciarmos) faz Ellen virar a cabeça e começar a por em
cheque seu casamento, sua vida e principalmente sua paz e felicidade pessoal.
Um ex, num cruzamento, a fez questionar toda a sua vida. Deu pra sentir o quão
grandioso é isso? Por mais fantasioso que pareça, por Deus, poderia ser comigo!
Com vocês não?
Este livro é incrível por dar a
sensação de que “poderia ser comigo”. Poderia acontecer com uma prima, uma
irmã, uma amiga... Isso se cada uma de nós já não conhecer alguma mulher que já
passou por isso! Não fosse o título ridículo, que já dá uma dica de qual a
posição da escritora mediante tal encruzilhada amorosa, você tem medo da Ellen
poder tomar a decisão errada. Se é que existe a possibilidade de rotular certo
e errado nessas questões. Mesmo assim, a protagonista vai cometer erros e
acertos que nos vão fazer vibrar, arrepiar e suspirar ao ler esse livro. Talvez
de início você, como eu, pense: “Ah, mas eu não faria isso... Que frágil e
fulgaz ela está sendo.”. Mas ao decorrer da leitura, você percebe a dimensão
dos sentimentos dela, o quão Leo consegue mexer com o seu mundo e quanto o Andy
a ama verdadeiramente, e ela também. É muito mais difícil que parece, e sim,
provavelmente você cometeria os mesmos erros da Ellen, ou até pior. Quem sabe?
Emily Giffin |
“Ame o que é seu” é uma leitura leve, instigante, cheia de dramas
modernos que extrapolam “assuntos do coração”. Ele permeia questionamentos que
vão desde o amor e o luto, até a felicidade, amizade e satisfação profissional.
Sinceramente, achei um livro bem completo. Ele nos expõe às fraquezas e dúvidas
que a maioria de nós temos e passamos, mas que muitas vezes subestimamos, ou
jogamos para debaixo do tapete. É um livro instigador e reflexivo sem ser
chato, moralista ou maçante. Enfim, é uma daquelas leituras obrigatórias.
Recomendo muitíssimo.
Só uma reclamação: odiei essa de classificar este livro como "chicklit". Tenho meus motivos, já que odeio essa classificação, lê-se "romancezinho de mulherzinha afetada". Então, me recuso a aceitar que este livro esteja dentro dessa nova e pejorativa classe da literatura moderna.