Sabe-se lá o teor de nostalgia que carrega uma lágrima. Muito menos saberia eu quão salgadas são as memórias daquele tempo.
O que agora importa é o cheiro dosadamente adocicado do futuro, do improvável. As conjecturas açucaradas do que há de vir.
A cereja do topo nunca me fez arriscar uma mordiscada no presente. Sempre achei aquela fruta vermelha e gorducha muito traiçoeira e falsa, que só queria me fazer cair de boca num presente que não passava de glacê muito doce por cima de um bolinho murcho e velho.
Se eu sempre estive equivocada em querer trocar o presente das minhas mãos pelas possibilidades mil de um futuro incerto, eu não sei. Mas para mim essa troca se chama esperança – e ela é muito mais saborosa que qualquer outra coisa.
Mesmo que eu tiver que engolir um pouco de fel neste meio tempo em que eu espero o futuro, nunca achei vantajoso me iludir com o doce extremo do presente. Certo é que o futuro nunca chega quando não toleramos o presente.
Quando só esperamos, o presente é sempre presente, e o futuro nunca chega. O passado só aumenta e nossas esperanças parecem mais um fardo difícil de carregar.
Por mais prosaica que eu esteja sendo, me contento em esperar. Não é possível que o futuro seja ainda mais sem gosto que meu presente, meu passado...
Drêycka
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