sexta-feira, 20 de julho de 2007

:: O Circo ::

Quando eu era criança, mais me doía a situação de uma surra, do que a efetiva ação física da mesma. Não entenderam? Vou explicar.

Na época que eu ainda levava surra do meu pai (atenção, não que hoje eu não mereça, é que eu escapo de levar umas coças talvez pelo meu tamanho que intimida meu pai... kkk), bem, continuando, nessa época eu chorava mais por ele ter se aborrecido e ter chegado a me bater, do que propriamente a dor que eu sentia pela surra. Não sei se eu sou a única que se sentia assim.

Me lembro uma vez que eu estava brincando na sala do meu avô com meus primos, daí meu avô se aborreceu por algum motivo e me deu um tapa. Foi algo simbólico, na verdade nem doeu. Mas eu chorei tanto, que ninguém entendia nada.
A verdade é que eu não chorava por estar doendo. Era por meu avó que nunca bateu em mim, ter se aborrecido ao ponto de ter feito isso! Então o choro era como um descontentamento comigo mesma, eu estava decepcionando a mim mesma. Eu estava dando brecha para alguém desaprovar minha atitude. Eu estava caindo do salto.

A este momento vocês devem estar sem entender o que este momento nostalgia tem haver com alguma coisa, né? Bem, hoje aconteceu uma coisa curiosa que me deixou aos prantos, igualzinho aquela época de criança. Hoje eu chorei pelos mesmos motivos, mesmas razões. Aí vai o descarrego.

Eu no trabalho coloquei meu molho de chaves dentro do bolso, e por alguma razão sobrenatural uma delas se desprendeu do molho e se perdeu. Quando eu dei falta fiz uma vistoria por todas as salas que eu tinha ido. Pra cima e pra baixo. Coloquei tudo de pernas pro ar só a procura da bendita chave. Daí eu começo a me desesperar, estava trancada pelo lado de fora, e se alguém achasse a chave e por má fé fosse querer abrir minha sala, eu estaria frita! A minha sala só tem apenas uma chave, a minha, já que é totalmente periculosa pelos documentos e itens que ela contém. E eu tinha perdido! E agora?! Sem muito alarde procurei até a exaustão. Quando não tinha mais jeito, já tinha perguntado a todo mundo e “engatinhado” em tudo quanto foi buraco, fui chamar o “faz-tudo” daqui da empresa (a coisa começou a se expandir).

Bem, com quase meio mundo sabendo que a bonitona aqui tinha “perdido a chave” o cara que veio arrombar a chave ainda veio com lição de moral. Daí meu chefe chegou bem na hora, e apareceu uns gerentes de outra área, e a situação já começou a ficar constrangedora. Valia a pena eu dizer que a bendita chave caiu do meu bolso? Valia a pena eu gritar: “Não sou irresponsável, chefe!! Foi um acidente!! Eu não sou irresponsável!!!” Eu não podia fazer isso, ia parecer uma louca descontrolada e irresponsável (kkkk).

Daí quando eu estava prestes a ter um ataque cardíaco e me sentido cada vez mais um botão, diminuindo, diminuindo, diminuindo. Eis que uma pessoa que trabalha numa outra sala diz: “Vamos procurar!” – Abre um parênteses: Vai te lascar! Faz duas horas que eu passo do lado de todo mundo, cutuco tudo, arrasto mesa e cadeira. Só falto pedir pra se levantar pra eu ver se não estão sentados em cima e agora ela vem com essa de salvadora da pátria pra cima do meu chefe? Ta, inspira, expira, inspira, expira. Ignorei a figura. Daí dez segundos ela chega: Acheeeeeeei!! – Abre outro parênteses: Putaquiupaiu, tava onde? Dentro da barriga dela foi? Pois segundo ela estava no chão!! Chão esse que eu só faltei revista-lo com uma lupa umas duzentas vezes!! Ta, inspira, expira, inspira, expira. Dei um abracinho nela e agradeci.

Agora vamos contar os mortos e os feridos. Ta, eu já estava ficando nervosa, e como dizem, quando estamos assim ficamos meio cegas. Mas sinceramente? Não engoli essa, acho melhor ficar pensando que o gasparzinho achou essa minha chave no chão, e depois de me fazer enlouquecer, jogou num lugar bem ridículo para me humilhar mais ainda!! Bem, mas eu achei, né? Lá vai meu chefe ligar pro chaveiro pra cancelar: Humilhação!!! Aaaai. No que deu? CHORO.

Chorei muito na minha sala, sozinha. Fiz papel de idiota prum monte de gente, meu chefe pode ter pensado milhões de coisas de mim e com todo o direito. Foi simplesmente uma novela, melhor, foi um circo! E eu fui a palhaça!!! Caí do salto! Fiz papel de idiota, inda me queimei com meu chefe. Não sei se vocês já perceberam, mas tendo ser perfeccionita, então nunca dou brecha a ninguém de se decepcionar comigo, ou falar mal de alguma atitude ou modo de trabalhar. Daí vem uma chave vinda do inferno e me faz passar pela maior vergonha da história? Vai te lascar!!! Eu mereço!!! E não pensem que ficou por aí, quando tudo estava bem, meu chefe me passou R$ 500,00 para eu fazer determinada coisa, e foi embora. Quando eu fui contar, faltava R$ 50,00!! Putaquiupariu!!
- “Chefe! (voz de choro), ta faltando R$ 50,00 no dinheiro que você me deu!”
- “É mesmo? Você contou direito?”
-“Duas vezes, mas vou contar denovo (voz de choro desesperado), vou aí te mostrar”

Daí eu conto mais duas vezes o dinheiro. Choro mais um bocado!! Ai, meu Deus! Ele vai pensar o que? Duas merdas dessa num dia só? Eu vou me matar!!! Quando eu chego na sala dele pra mostrar o ocorrido, quem está lá? Os dois gerentes do começo da história. Lá, olhando pra minha cara pensando: “Tu perdesse a chave inda desse o ganha em cinqüenta pila? Filha, tu é danada!!!”

E eu? MORTA!! Mas não foi culpa minha! Meu chefe recebeu esse dinheiro e nem contou! O problema é que eu nervosa como estava, peguei o dinheiro e guardei. Quando eu me acalmei foi que lembrei de contar, mas já tinha passado uns dez minutos. Mas uma pisada de bola! Caraca, foi o suficiente pelo ano todo!!


Tô Arrasada!

Nenhum comentário: