A hipocrisia cresce cada vez mais no coração das pessoas. Ela chega a patamares tão altos, que priva a felicidade, a paz e até o amor de percorrerem seu caminho.
Não acredito em destinos pré-escritos, nem muito menos destinos já prontos, como uma conseqüência irremediável, a vida assim não teria a mínima graça. Seria como a história do bicho papão, ou corre e ele pega, ou fica e ele come. Não, acho que a vida tem muito mais mistério do que essa história da carochinha.
A verdade é que eu acho que o amor só cresce onde permitimos. Pode ser sua “alma gêmea”, seu “príncipe encantado”, ou apenas um carinha gente boa. Se você não se permitir, o amor não chega... Como diz a linda música da Zélia Duncan, “se você não se distrai o amor não chega, a sua música não toca, o elevador não chega, o tempo não passa...” É bem isso mesmo. Só que uma das razões para que o amor não venha é a hipocrisia. É dela que eu quero dissertar hoje (pelo menos essa é a intenção).
Quem é hipócrita, quem é extremamente hipócrita, diz que não gosta, mesmo amando. Diz que ama, mesmo detestando. Diz que está em outra, mesmo estando morrendo de amores... O dito hipócrita não se permite viver o que sente. Ele pondera demais os fatos, usa muito a razão, e prefere dar prioridade a “o que isso vai significar para o outro”, “o que isso vai trazer de conseqüência para mim”, “que proveito eu vou tomar” e até “se isso vai me tirar algum controle”. Isso é mesquinho, é triste, é pobre. E pobre aqui, não é no sentido monetário/fincanceiro, mas pobre de caráter, de humanização, de alma... Hipócrita é um medroso, ele teme perder o controle da situação. Mas amar é justamente perder as rédeas da vida! É navegar sem bussúla. Amar é viver o improvável, e se aventurar no desconhecido.
Quem ama tem que mergulhar. Tem que abrir mão, tem que arriscar. Tem que apostar no desconhecido, tem que torcer o braço em certos momentos. Tem que calar muitas vezes, tem que apoiar a todo tempo. Tem que respeitar. Mas antes de tudo isso, a pessoa tem que se permitir amar. E amar não é se acomodar, amor não é conveniente, amor não é mesmice. Amar não é água morna, amar não é só ter pra quem ligar. Amar não é andar de mãos dadas, como dizia os Beatles. Amar é muito mais que isso!
Se permitir amar é dar um basta no presente e apostar todas as peças em uma pessoa que se quer. É acreditar que um dia todo aquele tesão, toda aquela paixão, vai passar. Mas até lá vocês terão cultivado um amor tão profundo, que por si só irá se renovar. Aí então você vai perceber o quanto era cego, que amar não era nada daquilo que você imaginava. Você vai perceber que amar está nas coisas mais simples e corriqueiras. É se encantar pelo jeito desajeitado dela, é aceitar o jeito durão dele e principalmente, ter a plena certeza que apesar de todos os seus defeitos, ele te ama e te respeita por quem você é. Uma hora você pára e percebe que amar é se apaixonar pela essência, não pelo rótulo. Vai perceber que mesmo com o significado pejorativo da paixão, é ela que dá o tempero extra ao amor, e se estes dois viverem concomitantemente, um suprirá as dificuldades do outro e o amor se renovará a cada dia.
Hipocrisia corrói qualquer sentimento. Não se prive. Se permita amar, apaixonar-se, perder-se, machucar-se... É normal. Se privar traz seqüelas terríveis. Se privar endurece o coração, machuca a alma e ainda te deixa com um gostinho de “falta” no final do dia. Seja forte, mesmo não tendo muita certeza disso. Dê a cara à tapa, escute um, dois, três, vinte “NÃOs”. Uma hora você escutará um SIM. Escutar um não é melhor do que viver com a possibilidade de um talvez. Escutar um não te resguarda de pensamentos mil, te resguarda de inúmeros “e se”. Eu já escutei não de todas as formas: escrito com letras tortas, digitados em papel A4, pelo telefone, pelo msn, ao vivo e a cores, por correspondentes e até em outras línguas. Isso só me fez mais tranqüila a esse respeito. Hoje quando escuto um não, eu suspiro: “Ufa! Passou. Vamos pra próxima.” Pois a vida continua. Mesmo depois de um não, ela continua.
Não seja hipócrita! Não minta pra si mesmo, muito menos para outra pessoa. Se você gosta, grite, cante, seja brega! Arrisque, seja bobo, telefone de madrugada, saia de qualquer jeito e vá ao encontro dela. Fale sem pensar, e pense sem pudores. Vá até o final. Vá até levar um não, ou até conseguir um sim. Tente fechar o ciclo.
Mas se não gosta, diga. Avise, não ignore. Seja claro. Pois no momento que você é justo com os outros, os outros serão com você. E mesmo se isso não ocorrer, continue sendo justo com os corações que você encontrar pela frente, você estará fazendo um bem para o seu próprio. E não esqueça, o mundo dá voltas. Se hoje você machucou alguém, amanhã pode ser você chorando por um coração trucidado. E segundo as minhas observações, o “troco” costuma muitas vezes ser bem pior.
Mas enfim. Existe vida após o NÃO.
E vida muito mais leve!!
** Hoje não tem música para esse texto. Acho que não consegui encontrar nenhuma que cantasse os meus sentimentos (aceito sugestão de playlists). Estou muito feliz, mas triste ao mesmo tempo. Estou me sentindo mais leve, mas um pouco decepcionada talvez. Mas isso é completamente normal. Como já dizia uma amiga, as paixões só mudam de rostos, vem com rótulos diferentes para te confundir. Elas chegam sempre intensas, te atordoam e vão embora. Mas sempre voltam. So... não adianta nada você se perder em uma delas. Sobreviva para poder viver a próxima.
Beijinhos a todos!!!