sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Amor & O Tempo (1/3)


Até Domingo, postarei trechos adaptados do livro "Persuasão" da Jane Austen. Livro publicado em 1818, e que terminei de ler semana passada. Fiquei em estado de êxtase com a beleza da história. E resolvi compartilhá-la com vocês em três momentos. Espero que gostem!
Drêycka.


Capitão Harville iniciou uma conversa com Anne sobre o casamento do, ainda recém-viúvo e amigo da família, capitão Benwick. Lamentou ele: - “Pobre Fanny! Ela não teria esquecido do capitão Benwick tão depressa quanto ele o fez!”

- “Não”, respondeu Anne, em uma voz baixa e sentida. “Isso eu acredito. Não era de sua natureza. Ela adorava-o. Isso não estaria na natureza de qualquer mulher que amasse verdadeiramente.”

- “Diz isso do seu sexo?” Perguntou sorrindo o capitão Harville.

- “Digo. Nós certamente não vos esquecemos tão depressa como vocês nos esquecem. Isso é talvez o nosso destino, e não o nosso mérito. Não conseguimos evita-lo.” Constatou Anne.

- “Não, não, não é a natureza do homem. Eu não vou concordar que esteja mais na natureza do homem do que na da mulher ser inconstante e esquecer os que amam ou amaram. Acredito no contrário. Eu acredito em uma verdadeira analogia entre a nossa estrutura física e mental; e, como o nosso corpo é mais forte, os nossos sentimentos também o são, capazes de suportar as mais rudes privações e de sobreviver as mais terríveis tempestades.” Retrucou o capitão Harville, funcionário da marinha, mas também marido afetuoso.

- “Os seus sentimentos podem ser mais fortes”, respondeu Anne, “mas o meu espírito de analogia permite-me assegurar que os nossos são mais delicados. O homem é mais robusto que a mulher, mas não vive mais tempo; o que explica exatamente o meu ponto de vista em relação aos afetos. Mas seria muito duro para vocês homens, se fosse de outra maneira. Vocês tendem a lutar contra dificuldades, privações e perigos suficientes. Estão sempre trabalhando e labutando, expostos a todos os riscos e privações. Abandonam tudo: lar, país e amigos. Não podem chamar de seus ao tempo, à saúde ou à vida. Seria realmente muito duro se a tudo isso fossem adicionados sentimentos femininos”.

- “Nós nunca havemos de chegar a um acordo nesse ponto. Como poderíamos provar tal coisa?”. Tentou concluir capitão Harville.

- “Nunca o faremos. Jamais poderemos provar alguma coisa sobre esse ponto. É uma diferença de opinião que não admite prova. Ambos começamos provavelmente com uma ligeira parcialidade a favor do nosso sexo e, com base nessa parcialidade, construímos todas as circunstâncias a seu favor; muitas dessas circunstâncias, talvez os casos que mais nos impressionam, podem ser exatamente os que não conseguem ser apresentados sem trairmos uma confidência ou, nalgum aspecto, dizermos o que não deveria ser dito.” Confessou Anne.
Continua...
Esta é a primeira parte de três ((1/3; 2/3; 3/3)), do trecho adaptado do livro da Jane Austen, "Persuasão".

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