sábado, 7 de janeiro de 2012

Catarse para 2012



Este não é o post que eu gostaria de iniciar o ano de 2012, mas infelizmente vai ser. Um momento de catarse que tive ontem a noite, ou melhor, hoje de madrugada, e que quero eternizar aqui no AT. Não precisa dizer para quem foi, pois o blog todo parece que vem sendo dedicado a ele subliminarmente. E que seja, se isso me fizer sentir melhor, mais leve, como me senti assim que mandei isso para ele. Talvez tenha sido só insônia, talvez tenha sido catarse, ou apenas um grito to make you [him] feel my love.
 



..catarse..


Eu não sou louca.
"Eu não sou louca." Isabela Taviani
Já passou da meia noite e não me sai da cabeça as palavras que você me disse (ou escreveu?) um dia em 2008: "eu queria te abraçar agora...". Ninguém que não correspondesse sentimento algum, diria isso em resposta a uma declaração clara e explícita daquelas que eu te disse

"Então estou aqui, escancarando a verdade. Pronta para falar tudo ou apenas pronta para levar um “fora” homérico, mas tentando ser o mais clara possível com você e apelando que você também seja comigo." Do Velho Diário

Eu não estou tendo alucinações, nem lembrando do que não aconteceu, eu tenho plena certeza que um dia eu já cheguei lá. Fui fundo e transpus suas barreiras até te deixar vulnerável. Não foi pena, não foi mal entendido, e, por Deus, não foi maldade sua. Foi correspondência, mexeu alguma coisa aí dentro, mas depois você se acovardou. Lançou mão da minha ausência pra se livrar de mim. E aí? Conseguiu? 

"Deus me defenda de menosprezar os sentimentos afetuosos e fiéis de quaisquer dos meus semelhantes. Eu acredito que vocês homens são capazes de tudo que é grandioso e bom na vida matrimonial. Acredito que são capazes de fazer qualquer esforço importante e qualquer sacrifício pessoal desde que... se me permite a expressão, desde que tenham ‘um objetivo’, ou seja, enquanto a mulher que amarem estiver viva e viva para vocês. O privilégio que reclamo para meu sexo (que não é muito invejável, não precisa cobiça-lo...) é o de ‘amar mais tempo’, quando a existência ou a esperança já desapareceram." Persuasão - Jane Austen

Eu não. Não passa um dia sequer sem que eu me lembre de você. E eu nem me orgulho disso, nem deveria assumir assim dessa maneira. Mas é essa a mais dura verdade, lembro de você todos os dias. Seja por causa da chuva, ou da música, ou do vento, ou da tua expressão que encontro no rosto dos outros... Tudo me lembra você. Mesmo que todas as noites eu deseje que você suma da minha vida; mesmo que suas últimas palavras dirigidas a mim ainda me queimem como se tivessem sido ditas hoje... Mesmo assim você está aqui presente, sempre. E quanto mais eu tento por na cabeça que você nunca sentiu nada por mim; que tudo o que passamos não foi nada demais; que tudo o que você me disse foram declarações conflitantes e sem o menor sentido; ou que você nunca seria biologicamente capaz de sentir metade do que eu sinto por você; ou que eu esteja fazendo tempestade em copo d'agua... Me aterroriza a possibilidade de não conseguir nunca me "livrar de você" (utilizando suas próprias palavras). E talvez ser amaldiçoada para todo o sempre com essa sua ausência absurda. 

"Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração."  Caio F. Abreu

Você poderia ter terminado com isso quando pode. Agora está longe de mim controlar tudo no que se transformou. Tem dias (ou noites como essa) que tua ausência se faz tão presente, que posso até tocar com a mão. E não é loucura, nem infantilidade, como você disse. É puro desarme. É se desprender do racional e se agarrar a uma dúvida, a uma incerteza na qual orbito há 3 anos: você. O cara mais imbecil, mais rude, mais enigmático, mais instável, e o único homem pelo qual, pela primeira vez na vida, - e única até agora - chorei. 

Você não deveria nunca ter me alimentado com suas palavras dúbias. Nunca deveria ter reagido daquela maneira após eu ter te contado o que eu sentia. Não deveria, em hipótese alguma, ter me chamado para o cinema sabendo das cartas que estavam em jogo.  Foi malvadeza, ou simples inconsequência da tua parte. Não tenho toda a culpa de sentir tudo o que sinto. Mas você detém parte da culpa por eu não conseguir te esquecer até hoje. Por me fazer estar à 1 da madrugada digitando tudo isso num tecladinho de celular... 

"Malvadeza, judiar assim. Tenha dó do meu coração. Que desatinou, roeu, que deu pena, amargou essa solidão." Lenine

Mas você não é, nem nunca foi, obrigado a gostar de mim. Você me disse isso, e estou repitindo o óbvio. Mas me mata a possibilidade de que eu  entrei nessa sozinha, como se fosse uma psicótica que entendeu tudo errado. Não foi. Vi nos seus olhos alguma vez, encontrei algo mais do que só um flerte sem outras intenções. Eu não inventei tudo isso., não criei tudo sozinha, não teci a corda pra me enforcar. For God sake, I'm sane. 

"If your feelings are still what they were last April, tell me so at once. My affections and wishes have not changed, but one word from you will silence me forever. If, however, your feelings had changed, I will have to tell you, you have bewitched me body and soul and I love...I love... I love you. I never wish to be parted from you from this day on." Pride and Prejudice - Jane Austen

Meus sentimentos não mudaram desde 2008. Mesmo sem sua presença, o que eu sentia permaneceu. Já você está completamente mudado, pelo menos quanto ao que te permitias sentir (ou fingir?)... Não consegues ser franco, nem me olhar nos olhos. E olha quem fala, logo eu, que vim me escondendo tanto por trás das palavras escritas,  ao invés das ditas pessoalmente, quando tive oportunidade... Mesmo assim quis que você olhasse no meu olho e me dissesse que nunca sentiu nada e que nunca quis nada sério. Vocês não disse, mas escreveu daí do outro lado, sem eu ver a reação dos teus olhos ao dizer tal coisa. Mesmo assim, como eu queria ter entendido e usado isso para seguir em frente... Mas não consegui. 

Tenho saudades de quem não fomos. Fico triste em não ser quem você gostaria que eu fosse. Mas no final das contas eu só vim aqui dizer que eu faria tudo denovo. Todas as babozeiras ditas, as brincadeiras, os textos que escrevi para você, o que fiz e falei. Faria tudo novamente, não porque sou teimosa e insistente (o que sou), mas porquê quando o assunto é você, não tenho outra opção senão ceder. Como quando eu cedo ao encontrar teu sorriso no rosto de alguém, ou teu sorriso no meio da multidão. Ou quando o vento trás teu cheiro na mais estúpida tentativa de me trazer você a memória por mais relutante que eu esteja em lembrar. Talvez eu não fique assim pra sempre. Talvez mesmo feliz e realizada que eu me torne daqui um tempo, eu sempre leve você no bolso, na memória para os dias tristes... Mas sempre estarei a mão o pesar de nunca ter tido a chance de tentar de fato. 

"You pierce my soul. I am half agony, half hope. Tell me not that I am too late, that such precious feelings are gone for ever. I offer myself to you again with a heart even more your own than when you almost broke it, eight years and a half ago. Dare not say that man forgets sooner than woman, that his love has an earlier death. I have loved none but you. Unjust I may have been, weak and resentful I have been, but never inconstant. You alone have brought me here. For you alone, I think and plan. Have you not seen this? Can you fail to have understood my wishes? I had not waited even these ten days, could I have read your feelings, as I think you must have penetrated mine. I can hardly write. I am every instant hearing something which overpowers me. You sink your voice, but I can distinguish the tones of that voice when they would be lost on others. Too good, too excellent creature! You do us justice, indeed. You do believe that there is true attachment and constancy among men. I must go, uncertain of my fate." Persuasion - Jane Austen

1h27, preciso me decidir se vou enviar isso para você ou não, para então poder ir dormir. Não queria te incomodar com assuntos antigos, logo agora que você deve estar tentando viver coisas novas. Sua faculdade acabou e o mundo todo agora está nas suas mãos. Pode sair do emprego, sair do recife, ir pra fazenda, criar um projeto social de educação infantil... Está tudo aí nas suas mãos and no strings attached. E eu só espero que você fique bem, que tenha uma boa vida. Que encontre alguém que te ame de verdade, e que você sinta o mesmo. E que construa uma família, que tenha filhos. E que depois olhe pra trás e se orgulhe da vida que escolheu. Que você nunca esteja sozinho. Que tenha sempre alguém para amar, compartilhar e construir. E por fim, que se lembre que um dia alguém te amou de forma não planejada e sem reservas, e que por isso se machucou. E que sua ausência ainda a consome. Que você talvez nunca vá poder entender ou mensurar, mas que poderia simplesmente não subestimar.

E não pense que eu sou uma louca, mesmo tudo indicando que sim... 


 A. Albuquerque

2 comentários:

Anônimo disse...

E quem não é louco no amor. É sempre assim, por mais que não estejamos felizes, no final, desejamos que quem amamos encontre a felicidade não encontrada por nós.

Agora o acho tolo por pelo menos não te dar uma resposta. Ele não consegue perceber que assim só faz seu sofrimento aumentar pela a falta de sinceridade dele.

Fernanda Caldas disse...

Xiiii!!! Historias de amor são complicadas... Mas sou da opinião que por amor vale tudo, desde que não esqueçamos o amor proprio. Beijos e sim, passo sempre por aqui, pois suas reflexões sempre acrescentam! Nanda / http://ararafashion.blogspot.com