quinta-feira, 31 de julho de 2008

:: Aventuras Atípicas




Ela nunca se interessou por essa onda masoquista, muito menos a tendência narcisista de se fotografarem em pleno ato. Ela achava um grande erro, um tropeço em meio a um ato tão puro, lindo e definitivamente natural.

Mas ele e sua lábia... Ah, como ele tão bem conseguia iludir, dissimular, esconder e o pior, fazer você fazer o que ele quer. E assim ele, um fotógrafo falido que só tinha de bens sua câmera de última geração, consegue convencê-la a tirar a roupa frente às lentes daquela câmera fria, sem coração.

A cada flash um pouco de pudor ia embora, um pouco de vergonha batia na soleira da porta. Mais alguns goles de vinho barato e lá se vai mais uma peça de roupa. A desenvoltura a surpreende, a excitação de se exibir frente àquele espelho e àquela câmera. Ela era atriz, desejada, linda, perfeita. Excitava-se com isso.

O clima começou a esquentar. Ele, aquele fotógrafo magrela, de barba rala e olhos verdes profundos, coloca a câmera num pedestal. Ao mesmo tempo se apressa e puxa a camisa, cruzando os braços tirando-a de um jeito espontaneamente sexy. Mordisca os lábios fritando de tanta excitação. Os dois então vão se saciar. Com direito a tudo que a imaginação pudesse propiciar!

No mesmo dia mais tarde, ela caminha pra casa imaginando... Estava disposta a fazer tudo aquilo novamente, tantas vezes conseguisse mirabolar. Inovar realmente é interessante, apimenta a relação e faz teu ego ir às alturas. Ela suspira maquinando o que fará no dia seguinte.

Dia seguinte. Oito e vinte cinco da manhã. Ela metodicamente abre os e-mails, confere seus contatos do MSN, ensaia as palavras pra poder ligar pra ele assim que a voz de sono passar. Entra no Orkut pra ver seus scraps. Então um susto!

Ela liga imediatamente pra ele.

-“Seu cafajeste, você é louco? Colocou na rede nossas fotos?!”
- “Esqueci de te avisar, anjinho, foi mal. Postei também o vídeo no Youtube, o link ta no meu blog, vê lá. Seremos famosos!! haha”

Tu, tu, tu...

-“Eu quero morrer!”




Post que eu criei para o Blog do GURY .

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A Era Gloss

Eu quero ser bailarina

Ser atriz de novela da Globo

Quero namorar o Cauã Reymonds

Eu quero o cabelo da Cléo Pires

Quero um carro Pink

Uma casa na praia

Quero um celular da moda

Eu quero aquela roupa da vitrine

A sandália do outdoor

Quero ter seios lindos, grandes

Queria um pouco mais de bumbum, tenho pouco

Eu queria unhas de acrílico

Um gloss pra pendurar no celular

Queria olhos azuis, cabelos louros

Um metro e setenta e cinco de altura

Um sorriso tão branco quanto o lírio

Quero passar em matemática

Aprender a jogar vôlei

Ir pra festa da Júlia com o gato do Pedro

Quero dar chapinha progressiva

Dar mechas californianas

Eu quero crescer, ser adulta.



terça-feira, 29 de julho de 2008




Minha & Outra
Mais uma simples paródia sobre o universo masculino



A Minha é calma, compreensiva, quase não fala.
Já a Outra é espivetada, reclama de tudo o que eu faço ou deixo de fazer. Não para de falar.

A Minha é sensível, mas mesmo quando eu a machuco ela sempre me perdoa.
Já a Outra é impossível, é mais fácil ela me atingir do que eu a ela.

A Minha eu não deixo usar roupas curtas ou com decotes, isso não é admissível!
Já a Outra usa aquele decote que ela sabe que eu adoro, muito menos dispensa aquela minisaia que me faz assobiar e ficar quente como brasa.

A Minha atura, suporta, fica calada, muitas vezes submissa. Assim que deve ser.
Já a Outra, me grita, me dá gelo, faz greve. Me deixa louco.

A Minha tem que estar disponível quando eu a procurar. Mas mesmo assim, digamos que ela sempre me aparece com
sexo baunilha*.
Já a Outra é chocolate, é pimenta. Eu tenho que estar disponível a hora que Ela quiser, na posição que Ela determinar, enquanto Ela achar que deve durar.

A Minha nunca entende, a minha é bobinha.
Já a outra é esperta, se eu der bobeira ela vai embora.
A Minha é minha.
A Outra é dela mesma!

Alguns meses se passaram e então eu descobri.
A Minha era a Outra de um rapaz.
Eu ainda estou tentando entender como aconteceu.
Ela era tão minha num dia, no outro eu acordo e percebo que ela nunca foi de ninguém.
A minha Outra não é mais a Outra nem muito menos Minha.
Hoje eu estou sozinho.
Ah, mas mulher é tudo igual mesmo...
Será?!


*Sexo Baunilha: o típico papai-mamãe. Não me pergunte o motivo, eu não sei, só li esse termo ontem. Achei charmoso então postei. hehehe

sábado, 26 de julho de 2008

VERBIZAR




Sair do ar

Respirar fundo

Acordar de um pesadelo

Dormir o cansaço

Cantar a alma

Gritar problemas

Chorar tristezas

Sorrir vitórias

Gargalhar a vida

Sentir o áspero

Doer a falta

Engolir verdades

Cuspir mentiras

Puxar a pressa

Empurrar a paciência

Colher esforços

Correr o destino

Pular crises

Apagar passados

Bordar histórias

Decorar rostos

Juntar fatos

Colar alguém

Frisar impossibilidades

Maquiar o dolorido

Olhar o invisível

Beijar a brisa

Esmurrar a raiva

Fazer Acontecer



PROMISES


I'LL FIX YOU


Se um dia te acordares com vontade de me ver

Não te alongues, corre ao meu encontro.
Se um dia te acordares sentindo que o mundo está diferente
Não tenhas medo, eu estarei aqui para te dizer que tudo vai passar.
Se um dia te acordares sem conseguir enxergar teu futuro
Nãos te preocupes, te direi que ele será o melhor que possamos fazer.
Se um dia te acordares se sentindo só
Não te aflinjas, eu estarei bem do teu lado, te darei um beijo e te colocarei novamente para dormir.

Serei tua certeza, teu porto e tua rotina.
Serei tua metade, teu complemento.
Agora acordas, viveis enfim.



sexta-feira, 25 de julho de 2008

:: Do outro lado

Tired

Meu amor...

Você poderia ser a mulher da minha vida.
Você poderia ser a única pessoa que eu passaria o resto da minha vida.
Você poderia ser o tom da batida do meu coração.
Você poderia ser quem me devolveria a graça de voltar a ter um coração.
Você poderia ser o meu motivo, a minha razão de existência.
Você poderia ser meu combustível para viver.
Você poderia ser as cores que vejo.
Você poderia ser o sabor da vida.
Mas eu agora não posso...
Pois estou machucado, a vida me pregou tantas peças...
Eu perdi meu rumo à tempos, nem sei mais quem sou!
Vivo juntando os pedaços de algo que um dia chamei de vida, tenho medo de desencaixar a tua rotina, o teu norte, assim como eu estou.
Tenho medo de ter desaprendido a amar.
Tenho medo de não saber te dar todo o amor que você merece.
Tenho medo de murchar tua vida.
Tenho medo de esperar demais de você, e esquecer o quão especial tu és.
Tenho medo de te fazer parar de irradiar luz.
Tenho medo de te assustar com a escuridão dos meus mais profundos abismos.
Tenho medo de te mostrar quem eu me tornei, depois de todas as desilusões desta vida.
Mas me espera, quem sabe eu me cure.
Quem sabe tu serás minha cura.
Mesmo sabendo que só eu poderei me ajudar nesta jornada, creio que você será meu motivo pra realmente querer melhorar.
Quero apenas saber que você estará comigo, mesmo me dando o espaço que hoje preciso para sarar minhas feridas sem que elas te contagiem.
Termino te deixando um beijo e um fio de esperança para nós dois.

De um homem ferido.

.

.

Texto inspirado em: MUSE - UNINTENDED

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You could be the one I'll always love
You could be the one who listens to my deepest inquisitions
You could be the one I'll always love
I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before


Muse - Unintended


.

.

ESSE TEXTO EU DEDICO AO GURY, QUE TANTO RECLAMOU QUE NOS MEUS TEXTOS EU MENOSPREZO O SEXO MASCULINO. ESPERO QUE ELE E VOCÊS TODOS GOSTEM DESSE DESABAFO DE UM HOMEM FERIDO, MAS AINDA COM ESPERANÇA DE VOLTAR A AMAR.

BEIJO GRANDE!

DRÊYCKA

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A CURA

THE HEALING


Still waters, heavy hearts
Plans we make all fall apart
Disillusioned and lost in the gray
How can we fix the heart when it breaks?
Don't know how much more you can take
JON MCLAUGHLIN - JUST GIVE IT TIME




Ela volta a olhar aquelas fotos, escutar aquelas músicas.
Ela volta a sonhar aqueles mesmos sonhos, a cantar aquela mesma música.
Ela volta a repetir o mesmo mantra, a recitar os mesmos poemas.
Ela volta a sentir o mesmo cheiro, sentir o mesmo gosto.
Ela volta a proferir as mesmas insatisfações, a chorar as mesmas angústias.
Ela volta, sofre as mesmas feridas.
Ela volta, retoma as mesmas lágrimas.
Ela volta, soluça o mesmo choro.



Just give it time
It's gonna get better
Now is not forever at all
Just give it time
Everything changes
Tomorrow comes, today will be gone
Everything's gonna be alright
Just give it time, give it time
JON MCLAUGHLIN - JUST GIVE IT TIME




Ela adormece.
Passam dias, meses e anos.
Saram-se as feridas.
Saram-se as tristezas.
Saram-se as incertezas.

Curam-se os choros.
Curam-se os gritos.
Curam-se as indiginações.

Morre a solidão de uma companhia.
Morre a imperfeição da tal perfeição projetada.
Morre o se importar.
Morre o se preocupar.

Libertam-se o coração, a alma e a mente.
Ela, enfim, é dela mesma.
Está livre.


Jon Mclaughlin - Just Give It Time

quarta-feira, 23 de julho de 2008

:: PAQUETÁ




Do Amor Amuleto Que Eu Fiz...

Ah, se meu coração aguentar mais um estica e puxa, eu digo que ele é feito de borracha.

Já quebrastes tantas vezes... Já pertencestes a tantos, nunca a mim.
Ah, meu coração... Toma jeito! Vê se desencana e me ama, a mais ninguém, só a mim.
Sim, peço-te um pouco de egoísmo, talvez até egocentrismo, mas é pra teu bem.
Se toda vez que você passar por uma dessas tu perderes um pedacinho de ti, um dia desaparecerás. E eu já sou demais pra não ter coração.
Ah, meu coração... Deixa de ser apressado, quem corre é quem mais tropeça, já dizia Shakespeare. Então não te apresses, teu amor vai chegar, não se afobe que estraga.
Coração vagabundo, bandido... se não te amares primeiro nunca poderás amar ninguém!!

.
Beijinhos pros meus amigos blogueiros!!
.
.
.
.
** SOUNDTRACK MODE (ON)
.
Paquetá
Los Hermanos


Ah, se eu aguento ouvir
Outro não, quem sabe um talvez
Ou um sim
Eu mereço enfim.
É que eu já sei de cor
Qual o quê dos quais
E poréns, dos afins, pense bem
Ou não pense assim
Eu zanguei numa cisma, eu sei
Tanta birra é pirraça e só
Que essa teima era eu não vi
E hesitei, fiz o pior
Do amor amuleto que eu fiz
Deixei por aí
Descuidei dele, quase larguei
Quis deixar cair
Mas não deixei
Peguei no ar
E hoje eu sei
Sem você sou pá furada.
Ai! não me deixe aqui
O sereno dói
Eu sei, me perdi
Mas eu só me acho em ti.
Que desfeita, intriga, uó!
Um capricho essa rixa; e mal
Do imbróglio que quiproquó
E disso, bem, fez-se esse nó.
E desse engodo eu vi luzir
De longe o teu farol
Minha ilha perdida é aí
O meu pôr do sol.

LOS HERMANOS - PAQUETÁ

domingo, 20 de julho de 2008

O Fim & O Começo



CICLICIDADE

Um dia só termina prum outro começar


O FIM

Terminam as férias;
Terminam os longos sonos;
Terminam os poucos sonhos;
Terminam as longas horas na net;
Terminam os cochilos depois do almoço;
Termina o shopping como refúgio;
Termina "Eu, a patroa e as crianças" às oito;
Termina "15 minutos" às quinze pras dez;
Termina "Todo mundo odeia o Chris" à tarde;
Termina "CQC" às segundas;
Terminam os papos pelo msn a manhã inteira;
Terminam as manhãs;
Terminam as tardes;
Terminam as noites;
Só me resta a madrugada: O que fazer além de dormi-la?

O COMEÇO
Começa o despertador às 04:50h;
Começa o banho frio (mesmo quente) às 05:00h;
Começam os ônibus (e quantos!);
Começa o trabalho, trabalho, trabalho.
Começa o refeitório previsivelmente repetitivo;
Começam as inúmeras olhadas para o relógio (que nas férias eu mal faço);
Começam as cobranças;
Começam os amigos;
Começa o chefe;
Começa o colega insuportável;
Começa o cansaço.




É, segunda volto a trabalhar.
Sim, em Agosto volto às aulas.

Para completar o sentimento da poesia, uma ótima música do VANGUART, "Semáforo".


Vanguart - Semáforo



Semáforo
Vanguart

Hoje é terça-feira
o ceu borrou a cor
Oh minha mão do céu
Oh meu pé no chão
Oh minha mão do céu
Oh meu pé no chão
Eu não ouço você
Eu não ouço você
Eu não creio em você

Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Só acredito

Hoje é terça-feira
E o céu se pôe debaixo do tapete
Um tesouro
Eu não acredito,eu não acredito,eu não acredito,eu não acredito nao

Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Acredito no coraçao não não

Hoje é terça-feira
Hoje é terça-feira
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos seus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
voam...voam..uuu..voam

Com olhos de anil
com asas de fogo
e meus olhos cheios
de magoa então

Hoje é terça-feira
Hoje é terça-feira

Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos
Todos meus amigos...
Querem...
Morrer...

Querem morrer

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Entrelinhas



O Não Dito


Quero comprar uma lupa.
Lentes que aumentem o alcance da minha visão.
Que façam-me enxergar as intenções, além das ações;
As piadas dentro das ironias;
A maldade dentro do sarcasmo.

Quero comprar um microscópio.
Lentes que aumentem o alcance da minha pobre compreensão.
Que façam-me enxergar as mentiras, além dos discursos bonitos;
As sacanagens dentro dos elogios;
A tristeza dentro de um olhar.

Quero descobrir o que você sempre quis dizer;
O que ele sempre escondeu;
O que ela nunca conta;
O que eles geralmente dissimulam;
O que pra nós é tão óbvio, mas difícil de compartilhar.



Meu mais novo vídeo. Between The Lines da Sara Bareilles. Espero que gostem.



quinta-feira, 17 de julho de 2008

:: Carta


A Carta Que Eu Não Te Escrevi


Já peguei caneta e papel umas setenta e sete vezes.

Já digitei lindas palavras no meu computador.
Em todas as vezes apaguei, deletei, desisti.

Com medo que todas as máscaras e verdades que encobres, caiam aos teus pés.
Temendo aceitar a verdade, a realidade.
Te ver assim, tão humano, tão normal... assusta.
Depois de tantas conjecturas por mim criadas sobre você.
Aceitar a realidade agora é no mínimo difícil.

Quem sabe um dia, ainda assim, eu mude de idéia, volte a sonhar.
Quem sabe um dia, talvez, voltes a ser platônico e encantador.
Desculpe, mas não fui eu que te escolhi, o destino que o fez.
E agora estamos assim, entalados com palavras mal ditas.
Até eu vomitar toda essa paixão doentia, continuaremos assim, febris.




Segue vídeo que eu fiz da música "CARTA" da banda portuguesa TORANJA.


segunda-feira, 14 de julho de 2008

Será que é uma estrela?


Be Actress

Ela anda presa em seus temores.
Ela teme seu futuro, não se orgulha do seu passado.
Ela vive em câmera lenta, sem muita badalação.
E assim vai Beatriz, atriz de sua própria vida.


Beatriz
Ana Carolina

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida


domingo, 13 de julho de 2008

Cristal Quebrado



Porcelain


Nove anos de idade, batom da irmã mais velha nos lábios e perfume barato da mãe já falecida. Talvez a única herança que uma mãe drogada poderia deixar. Sempre muito bem arrumada dentro das poucas roupas que tinha. Tudo para esconder sua pouca idade.


Pai ausente, sempre tentando sustentar sua família, sempre querendo prover o pão. O coitado esquecia que suas duas filhas também precisavam de amor, educação, princípios. Dia e noite a trabalhar, durante o dia vendia frutas frescas na feira, à noite vendia cigarros contrabandeados na porta do bordel da esquina.


Letícia era linda. A caçula. Pele branquinha, cabelos negros, boca naturalmente vermelha. Temperamento explosivo, a garotinha de nove anos queria ter dezenove. Caprichava no tamanho da saia, atiçava os garotos da vizinhança. Se auto-intitulava mulher. Queria crescer e ter muito dinheiro, casar com um homem lindo, rico, e viver desfilando pelos shoppings vestindo roupas caras. Ela não via a hora de ir para a cidade grande, nem que para isso precisa-se fugir de casa.


Aos treze anos conheceu o Álvaro, mulato na faixa dos quarenta e cinco anos, desquitado, filhos espalhados por aí. Trabalhava de motorista num grande mercado da cidade com filiais por todo o estado. Letícia tinha brilho nos olhos ao vê-lo. Ele já tinha comprado para ela roupas, sapatos e outros mimos. Além de ter comprado sua inocência. Era o homem da vida dela. Ele tinha dinheiro, ela estava feita.


Aos catorze, Letícia morava numa cidade vizinha com o Álvaro. Grávida de sete meses, nunca havia pisado em um hospital para fazer pré-natal. Ele a bate todos os dias. A vida não era aquela que ela imaginava aos nove.


Chegam os esperados dezenove anos. Agora não precisa mais esconder sua idade, ninguém acredita que ela só tenha dezenove. Três filhos. Mora sozinha, Álvaro a deixou. Trabalha o dia inteiro em uma lanchonete, sobrevive com duzentos reais mais algumas gorjetas. Ao ver sua filha mais velha, lembra de si mesma e todos os seus quereres de infância. Ela chora. Ela poderia ter feito diferente.


sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Caso - Parte 2


O FIM

Ela não pára de chorar. Nunca imaginou que teria tanta lágrima assim. Os olhos ardem... Como tudo poderia acabar? Era tudo tão perfeito!
Ela pegou um álbum de capa vermelha que ela tinha deixado aberto na cama, depois da noite anterior, quando dormiu em prantos. Folheou-o denovo, mais parecia nunca tê-lo visto antes. Sorrisos estampados num passado próximo. Ela lembra daquele aniversário de dois anos de namoro, como tudo era perfeito...
Como poderia acabar? Inquestionavelmente era amor, eles se amavam... Como ele poderia ter feito isso? Além de traí-la, a trocou por outra. Que vontade de morrer...
Um estalo!
Pegou uma taça, não tinha mais copos limpos. Encheu de água, procurou alguma pílula, tomou cinco. Foi para a escada, quem sabe ela dê sorte e quando desmaiar inconsciente, caia da escada e quebre o pescoço.

*

Ele está no barzinho da esquina. Tomando cerveja com uma loira burra que conheceu no orkut. Tudo é perfeito, essa não é como a louca da sua ex, que sempre estava esperando demais dele. Esta, enfim, é normal. Conta vantagem.
O telefone celular toca. –“Droga, não acredito que é ela!”.
É a polícia, eles têm uma notícia ruim para dar. É sobre sua ex.
Ele desliga o telefone anestesiado. E assim fica por uma semana.

Pela primeira vez na vida ele chora. Copiosamente.
Perdeu o amor da sua vida, agora que ele percebeu.
Leva pro resto da vida a culpa.




Agradecimentos à meu amigo Bruno, por ter dado a idéia trágica do fim da história.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Caso - Parte 1




Ai de mim que sou Romântica...



Ela prepara a mesa, planejou cada detalhe do jantar.

Escolheu a dedo até o aroma das velas que dispôs pela casa.

Combinou a cor das pétalas da rosa com o tom dos olhos dele no escuro.

Não entendia de vinho, mas depois de horas na internet então se decidiu por um italiano doce, seco, caro...

Cada detalhe tinha uma razão para estar ali.

Cada milímetro foi apaixonadamente pensado.

Às cinco da tarde ela foi tomar um longo banho, o banho.

Cada óleo, cada hidratante, creme e emulsão perfumada, todas escolhidas detalhadamente. Sem chocar seus perfumes, um complementando o outro.

Vestiu o vestido que escolhera uma semana antes. A cor, o decote, até o tecido tinha um sentido.

O vestido vermelho escuro se camuflava com seus belos cabelos castanhos.

Cabelos delicadamente cacheados, ela não se separava de seus cachos por nada no mundo. Hoje seus cabelos estavam diferentes, depois de horas no salão no dia anterior, não poderiam estar mais belos.

Maquiagem delicada que aprendeu três dias antes numa revista. Do pó ao rímel, tudo combinava.

Olho no relógio, vinte para as sete, o tempo voou.

Ela se olha pela última vez no espelho, parecia uma sinfonia. Instrumentos tocando uma única valsa. Ela era o maestro. Ela sorri.

As sete em ponto a campainha toca. Era ele.

Com o cabelo pingando do banho rápido de cinco minutos trás, ele vestia uma camisa dos Ramones, bermuda, sandália de dedo inseparável. Na mão uma caixa de bombom, como sempre. Ele levou um susto com todo aquele aparato, mas não questionou nada.

Ela, como quem fosse míope, sorri como uma garotinha de cinco anos ao ver seu paquera. Pede pra ele entrar. Ela não vê defeitos naquela noite, foi tudo perfeito.


Na manhã seguinte ele acorda ao lado dela, sorri. Vai ao banheiro e no caminho olha na mesinha um calendário. No dia anterior marcado com um coração desenhado de caneta vermelha: aniversário de namoro, dois anos. Ele gela, como poderia ter esquecido?! Por isso toda aquela “frescura” na noite anterior... Agora ele entendeu.


- “Vou ali embaixo comprar umas flores, talvez ela nem tenha percebido que eu esqueci. Aproveito pra comprar umas cervejas, tô seco!” Diz ele.


Bate a porta e volta às 12:00h bêbado, com flores brancas murchas enroladas num jornal. Ela com lágrimas nos olhos o põe para dormir. Separa uma aspirina e prepara um banho quente para mais tarde. Ela suspira, não sabe como o ama tanto.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Rainin' Day


Chuva


E um dia ela saiu só para apreciar as gotas de chuva.
Não mais te esperou, nem se arrumou.
Pegou o guarda-chuva automaticamente, e saiu olhando para cima, como quem nunca viu chover.
Sorria como quem olha para um dia de sol.
Dispensa os calçados, toca os pés no asfalto molhado.
Certo momento ela pára, respira fundo.
Ela está no fim do arco-íris. Ou no seu começo.
Ela é o pote de ouro.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

1 ANO DE A.T.

Selo de comemoração de 1 ano de Another Thoughts (A.T.)


Nossa, um ano de Another Thoughts... Passei por crises, conheci gente maravilhosa, escrevi muita coisa, li muita coisa também. Blogs espetaculares, outras vidas, outros desastres, outras novidades, outros pensamentos... Tudo junto, um influenciando o outro. É o que nossos blogs são, uma mistura de nós e dos outros.


Parabéns para o AT. Mas principalmente, parabéns para nós... Que nossas amizades se solidifiquem cada vez mais, que conheçamos outras novas... Que venham mais anos pela frente e que nossa vontade de escrever não esmoreça. Que um apóie o outro. Que isso perdure.


E como o mais legal da festa de aniversário é o presente, tenho a honra de presentear a alguns de vocês com os cinco selos que o AT qté agora recebeu em seu um aninho de vida. Como não tem como presentear todo mundo, esses foram os escolhidos.




Prêmio dado por GURY
Repasso para VINÍCIUS












Prêmio dado por VINÍCIUS
Repasso para SRTA. DIAZEPAN
















Prêmio dado po r GURY
Repasso para ISAQUE












Prêmio dado por HELIARLY
Repasso para GURY







Prêmio dado por MAIA
Repasso para HELIARLY






Presentinhos repassados, deixo vocês com um texto meu que espero que gostem.

Bjo a todos!!!


*



YELLOW

São com essas tuas asas arrebentadas que insistes em alçar vôos. Rotas impossíveis, sem bússola nem as comuns parafernálias. Insistes em voar alto.


Não te olhas no espelho e não percebes o quão pequenas tuas asas são, desproporcionais ao teu tamanho, incompatíveis com tua vontade, tua garra. Asas de pétalas amarelas, delicadas, traiçoeiras. Te fazem cair, se arrebentar. Mas nunca aprendes. Continuas a tentar.


Quisera eu ser uma borboleta, para te ensinar os mais psicodélicos vôos. Ou quem sabe apenas ser um par de asas, para que tu possas me usar para realizar teus sonhos. E enfim ver teu sorriso estampado no rosto. E eu ser responsável, pelo menos um pouco, pela tua felicidade.